Investigações publicadas ontem pela organização norte-americana Human Rights Watch (HRW - Observatório dos Direitos Humanos), no seu sítio web (www.hrw.org), revelam que as forças de segurança marroquinas cometeram "graves" violações dos direitos humanos durante a sua violenta intervenção no desmantelamento do acampamento de Gdeim Izik, nos arredores de El Aiún, capital ocupada do Sahara Ocidental.
"Os violentos ataques das forças de segurança marroquinas, conjuntamente com os colonos marroquinos, são uma vingança contra os saharauis", refere o HRW, que acrescenta que "nada justifica espancar e torturar os detidos saharauis até os deixar inconscientes", afirmou ontem a directora do HRW para a África e Médio Oriente, Sarah Leah Whitson, em comunicado de imprensa onde são relatados em pormenor testemunhos de várias vítimas".
A organização norte-americana, que defende os direitos humanos em todo o mundo, salienta que "as forças de segurança marroquinas violaram e torturaram saharauis que foram detidos na sequência do ataque ao acampamento de Gdeim Izik".
O HRW revela "a detenção de centenas de saharauis após os confrontos, assegurando que ainda existem mais de 100 detidos". Advogados saharauis defensores dos direitos humanos, disseram à HRW que "nove tinham sido trasladados para Rabat para serem interrogados por um tribunal militar".
A organização acrescenta que se reuniu com sete saharauis detidos na sequência dos acontecimentos de 8 de Novembro e colocados mais tarde em liberdade. Esses cidadaos saharauis asseguram "que a policia e a gendarmeria marroquina abusaram deles, além de lhes terem urinado em cima e ameaçado de violação ".
A ONG constatou que "as testemunhas entrevistadas tinham sinais de graves contusões e golpes, e que outros tinham sido espancados durante a sua detenção".
O HRW visitou "os bairros da Paz e Colomina, onde várias casas saharauis foram atacadas por grupos que incluíam membros das forças de segurança marroquina e outros trajados à civil, assim como colonos marroquinos. "Os saharauis entrevistados descreveram como os agressores marroquinos atacaram os saharauis dentro das suas casas e destruíam os seus bens".
"Cerca de dez casas saharauis na rua de Moulay Ismail e cercanias foram invadidas e destruídas, e à distância de duas casas, um grupo formado por uns cerca de 40 soldados e um oficial da polícia deslocou-se à casa de duas idosas, por volta das dez e meia da manhã de 8 de Novembro, onde dispararam bombas anti-motins com grânulos de plástico e pediram à família que saísse da casa para lhes roubar um computador e jóias", assinala a organização.
Um dos quatro homens entrevistados pela Human Rights Watch a 16 de Novembro, afirmou que "a polícia marroquina atacou os homens e abriram fogo contra eles ferindo-o na parte inferior da perna esquerda com uma bala de uma pistola de pequeno calibre", além "de terem disparado cartuchos anti-distúrbios com plástico granulado causando-lhes feridas superficiais, e os espancaram severamente. Um destes homens, de 28 anos, não consegue ainda mover o seu braço direito após 8 dias do sucedido devido à gravidade dos espancamentos".
A investigação do Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos) ,surge um dia depois da aprovação pelo Parlamento Europeu de uma resolução onde se apela ao envio de uma comissão de investigação independente e transparente, sob a supervisão das Nações Unidas para esclarecer os acontecimentos de Gdeim Izik nos territórios ocupados do Sahara Ocidental.
AAPSO
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