O Presidente do Afeganistão Hamid Karzai condenou o massacre de civis da OTAN no Afeganistão, o último na sua política de chacina que espalha desde Kosovo a Cabul. Desta vez foi um ônibus metralhado com fogo de armas automáticas em Zhari, província de Kandahar. Entre as vítimas uma mulher.
O resultado da escapada mais recente da OTAN no Afeganistão na segunda-feira à tarde, quando uma patrulha das tropas internacionais abririu fogo contra um ônibus cheio de civis é 18 feridos e quatro mortos, incluindo uma mulher, de acordo com fontes da imprensa local.
O massacre desencadeou protestos e indignação em Kandahar, onde o canto do dia foi "Morte à América". Dezenas de cidadãos apelaram para a destituição do Presidente Hamid Karzai, que condenou os assassinatos alegando que tais ações violam o compromisso da OTAN no sentido da salvaguarda da vida civil.
Admitindo o incidente, que ocorreu no distrito de Zhari da província de Kandahar, a OTAN não confirmou a nacionalidade dos soldados envolvidos no Afeganistão, mas testemunhas oculares foram citados pela Voz Afegão como afirmando que eles eram americanos.
A versão da OTAN é que o ônibus se aproximava do seu comboio em alta velocidade e ignorou chamadas e outros avisos para parar, depois as tropas na parte traseira da patrulha abriram fogo. A declaração da OTAN, que expressa profundo pesar pela trágica perda de vidas, também confirma que "uma vez contactado, o veículo parou." Só depois viram que era um ônibus cheio de passageiros civis.
O motorista do ônibus, que escapou ileso, teve uma versão diferente dos acontecimentos. Citado pela agência de notícias AFP, disse que "Eles abriram fogo contra nós e eu caí inconsciente. As pessoas que morreram estavam sentadas nos bancos logo atrás de mim".
Se depois de dez anos, este é o melhor que a OTAN pode fazer para proteger as vidas dos civis, talvez seja hora de adotar a estratégia usada pela Força de Defesa de Israel, quando pratica os massacres de civis, ou seja, fazer a observação prepotente "Eles não deveriam ter estado lá". Neste caso, não se refere aos civis afegãos, que estão no seu próprio país, mas sim à própria OTAN.
O que OTAN tem feito é a fragmentação da sociedade afegã até ao ponto de ruptura, instalar um regime fantoche corrupto das margens da sociedade e para supervisionar um aumento de 40 vezes na produção de ópio, enquanto adoptou uma política de pagar aos Talibã para não atacar, antes de admitir que negociações estavam sendo realizadas com alguns dos Talibãs para formar uma aliança.
Se a presença da NATO é sinónimo de instalar um regime de traficantes de drogas e proteger os agricultores que colhem as suas culturas (há provas fotográficas imensas disso), então é claro que a OTAN em si é nada mais nada menos do que um conluio de traficantes de armas que já se transformou num clube dos barões da droga.
É esta a organização que supervisiona a política externa dos seus Estados membros, em muitos casos contra suas Constituições?
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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