A pergunta é: por que os outros não viram essa ambiência se aproximando?
A resposta evolve a partir da arrogante doutrina do "neo-conservadorismo" (doravante aqui denominada neo-fascismo) subscrita pela ditadura Bush.
No meu primeiro artigo para o Pravda.Ru, escrito logo depois da invasão ilegal do Iraque, argumentei que um motivo precípuo para aquele ato criminoso de agressão era a transformação da teoria neo-fascista do "unilateralismo" em realidade.
Depois do colapso da União Soviética, os neofascistas, deliciando-se na crença de que agora havia apenas uma "superpotência," resolveram que deveriam colocar o resto do mundo de joelhos. Não havia, no entendimento deles, perigo de o mundo descer até o nível da ditadura Bush (a menos que a ditadura assim resolvesse exigir) porque os neofascistas tinham a mais poderosa instituição militar do mundo a seu dispor para intimidadr países mais fracos, e estavam ávidos por demonstrar sua disposição de usá-la.
Essa filosofia neofascista é que recentemente compeliu Vladimir Putin a expressar sua suspeita de que a ditadura Bush tenha instigado os eventos na Geórgia. Afinal de contas, o sonho de todo neofascista é ver os antigos rivais dos Estados Unidos impotentes para deter a agressão militar no degrau de sua própria porta.
O plano saiu pela culatra. E agora a ditadura Bush está tentando condenar o governo russo por fazer exatamente a mesma coisa que ela fez, e ainda está fazendo, no Iraque.
Saiu, entretanto, realmente pela culatra? Ou os neofascistas dos Estados Unidos obtiveram exatamente o que desejavam?
Os neofascistas, em sua maioria, exibem duas características: 1). São covardes intimidadores que não hesitam em sacrificar a vida dos outros em guerras construídas em cima de mentiras, ao mesmo tempo em que usam sua riqueza, conexões políticas e influências de família para escapar eles próprios do serviço em combate; 2). Eles lucram com o complexo industrial-militar e, portanto, vêem com agrado um mundo em perpétuo estado de guerra.
Dado esse modo enganoso de ser, não é de surpreender que alguns ex-membros da ditadura Bush, em particular Colin Powell e Scott McClellan, estejam agora tentando resgatar as próprias almas. Powell, o Secretário de Estado da ditadura Bush durante os primeiros quatro anos da ocupação ilegal da Casa Branca por esse último, era o homem precipuamente responsável por mentir para as Nações Unidas, e para o mundo, a respeito das "armas de destruição em massa" do Iraque. Agora ele está envolvido em causas caritativas alegadamente planejadas para "melhorar o ambiente das crianças."
McClellan, como ato de "contrição" e modo de recuperar os valores de sua fé "cristã," recentemente escreveu um livro expondo o caráter dissoluto e a mendacidade da ditadura Bush.
Infelizmente para eles, a hora de redimir suas almas já se foi há muito tempo. Eles lucraram com o acordo fausteano feito pela ditadura Bush, e agora querem repetir o mesmo padrão de hipocrisia que pecadores "arrependidos" praticaram ao longo da história: buscar absolvição só depois de ser tarde demais para desfazer os danos que sua malignidade criou.
A Bíblia diz: "Aquilo que o homem semear, isso também ceifará." O que aparentemente não funcionou no caso de Bush e seus seguidores. Eles semearam o mal, mas o mundo é que ceifou os resultados. E embora eles sejam alguns dos piores criminosos da história humana, Bush e seus seguidores não enfrentaram sequer a perspectiva de impeachment, menos ainda processo, por seus crimes, e indubitavelmente viverão o resto de seus dias em riqueza e conforto.
Se porém o universo for justo, então todos os membros da ditadura Bush, do passado e do presente, e todas as pessoas que os apoiaram enquanto eles desovavam e disseminavam sua maldade, merecidamente têm lugar reservado no inferno o "mínimo denominador comum" da eternidade.
Tradução de Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter