Por Ivan Márquez, integrante do Secretariado das FARC
Como a infâmia de manter no cargo ao mafioso Fiscal delegado de Antioquia resultava indefensível para o Fiscal Geral da Nação, Mario Iguarán, então, ele teve que demitir da desprestigiada instituição esse funcionário delinqüente.
E não é que não tivesse feito até o impossível por manter-lo no cargo. Quando o escândalo do nexo inquestionável entre Guillermo Leon Valencia Cossio, irmão do atual Ministro do Interior e Justiça, e o narco-paramiltiar, de codinome, "Don Mario", em vez de destituir-lo imediatamente e ditar em sua contra ordem de detenção, trasladou-lo em reprovável atitude cúmplice- para a Fiscalia de Tunja. Era evidente que o Fiscal Iguarán não queria contrariar o Ministro Fabio Valencia nem o Presidente Álvar Uribe. Foi demitido o fiscal venal. Isso não ocorreu porque o governo seja ético, mas pela pressão moral do país que se resiste a perder seu decoro. Que faz, ainda, no Ministério do Interior e Justiça o senhor Fabio Valencia Cossio? Se acreditasse nos ditados da ética, deveria renunciar.
A atitude do governo diante os senhores Valencia Cossio é a dos descarados trapaceiros que, por exemplo, ainda, matem como embaixador em Itália e como Ministro da Proteção Social os senhores Sabas Pretel de la Veja e Diego Palácios, apesar de ser atores principais do delito de suborno que tem já nas grades à ex-congressista Yidis Medina, condenada pela Corte Suprema de Justiça. Algo de medo deve sentir Uribe diante desse caso que encheu de ilegitimidade o procedimento de sua reeleição quando era proibição expressa da Carta Constitucional da Colômbia. Se não tivesse entortado o pescoço da Constituição mediante a compra de votos a favor do Ato Legislativo, não seria hoje Presidente da República; mas o caso é que não deve ser-lo, porque seu segundo mandato sob essas circunstâncias é a todas as luzes, ilegítimo e ilegal.
Uribe segurará o Fabio Valencia Cossio no Ministério do Interior, até que não lhe suceda o mesmo que ao fiscal Iguarán com o outro Valencia Cossio.
Acaso não defendeu até sua reclusão na prisão La Picota, o diretor do DAS, Jorge Noguera, acusado de assassinato em concerto para delinqüir com paramilitares, de dezenas de lideranças sindicais e populares? Botou as mãos no fogo por esse funcionário assassino, comprometido com os paramilitares na fraude eleitoral que contribuiu a seu segundo mandato e, no intento de magnicídio contra o Presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Lembremos, também, que até última hora o manteve no cargo como Cônsul do descrédito em Milano.
Também, manteve contra vento e mareia à Chanceller Consuelo Araújo, apesar das denuncias que a assinalavam como cota do capo paramiliar Jorge 40 no Gabinete Ministerial. E a "Conchis" teve que renunciar diante a impossibilidade de rebater o incontrovertível. Um de seus irmãos oficiava como contador dos negócios de tráfico de cocaína de Jorge 40.
Urbe defendeu com todas suas garras, os chefes narco-paramilitares, -seus irmãos no crime-, até quando começaram a denunciar seu irmão Santiago e os Generais, no marco de seu compromisso de confessar a verdade. Sua reação imediata foi, então, a extradição para os EUA, selando assim um episodio mais de traição entre criminais. Foi, sem duvida, uma tacada a três bandas para evitar, em primeiro lugar, que fosse comprometido por seus parceiros; segundo, deixar sem testemunhas o processo da narco-para-plitica para favorecer seus partidários, e finalmente, para cobrir com o pano da impunidade aos Generais, empresários e pecuaristas, artífices do paramilitarismo do Estado. Agora quer extraditar a alias "HH" porque está denunciando ao Comandante do Exército, General Mario Montoya, como provedor de armas para as massacres dos paramilitares e por ter tocado seu consentido, o General Rito Alejo del Rio a quem condecorou com o titulo de "Pacificador de Urabá" por ter executado dezenas de massacres de civis e deslocamentos forçados da população.
Uribe pretende ocultar todos seus crimes com cortinas de fumaça e, com o já fatigante mono-tema de sua luta contra a guerrilha. Com que sairá quando estoure o escândalo da "Baleia Azul" dos cartéis da cocaína do Valle del Cauca? Parece que alguns ministros preferem renunciar antes da tormenta, enquanto outros, que têm rabo de palha, simulam realizar altos estudos de gerência política, por lá bem longe, com miras presidenciais.
Mesmo que Colômbia seja assimilável ao exótico Macondo de Garcia Márquez, deverá ser feito até o impossível por salvar-la das garras da máfia narco-paramilitar que tomou por assalto o Palácio de Nariño. Como nos doi Colômbia, como nos doe seu povo mples, reprimido e sem voz. Com esse governo, Colômbia não terá futuro. Necessitamos como o ar, um novo governo que cimente a Pátria sobre valores de justiça, paz, democracia verdadeira, independência e dingnidade.
As organizações de Direitos Humanos no mundo devem enfocar com potentes refletores os procedimentos arbitrários da Fiscalia colombiana, que enquanto condena inocentes mediante o método de inventar provas, está já deixando em liberdade os amigos do Presidente e, arquivando processos como aquele contra o vice-presidente Francisco Santos, acusado como fundador de um bloco paramilitar denominado Capital.
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