Presidente destaca que etanol brasileiro não compromete produção de alimentos e polui menos que os combustíveis derivados de petróleo - O presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, denunciou na terça-feira (3), em Roma, o protecionismo dos países desenvolvidos que desorganiza a produção agrícola dos países pobres e classificou de cortina de fumaça as tentativas de associar a alta de alimentos com a produção de etanol.
O presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, denunciou na terça-feira (3), em Roma, o protecionismo dos países desenvolvidos que desorganiza a produção agrícola dos países pobres e classificou de cortina de fumaça as tentativas de associar a alta de alimentos com a produção de etanol.
Em pronunciamento na abertura da reunião de Alto Nível da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) sobre Segurança Alimentar, Mudanças Climáticas e Bioenergia, o presidente questionou o comportamento dos grandes produtores mundiais de energia não-renováveis. Vejo com indignação que muitos dos dedos apontados contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e de carvão.
Para o presidente, a alta no preço dos alimentos é explicada pela combinação de fatores como o aumento no preço do petróleo, mudanças cambiais, especulação financeira, aumento do consumo em países em desenvolvimento associado às quedas nos estoques mundiais de alimentos e manutenção das políticas protecionistas na agricultura dos países ricos. Não nos enganemos: não haverá solução estrutural para a questão da fome no mundo enquanto não formos capazes de direcionar recursos para a produção de alimentos nos países pobres. E, simultaneamente, eliminar as práticas comerciais desleais que caracterizam o comércio agrícola, disse.
Petróleo - No Brasil, o petróleo é responsável por 30% do custo final dos grãos produzidos. O petróleo pesa muito no custo das lavouras brasileiras. Aí, eu me pergunto: e quanto não pesa o petróleo no custo de produção de alimentos de outros países que dele dependem muito mais do que nós?, questionou.
Para rebater a afirmação de que a produção de biocombustíveis no Brasil está avançando em áreas tradicionalmente destinadas aos alimentos, o presidente citou dados do relatório de 2007 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos sobre a produção de etanol no Brasil. De acordo com o estudo, o Brasil tem 340 milhões de hectares de terras agrícolas: 200 milhões são de pastagens e 63 milhões de lavouras, das quais apenas sete milhões de hectares são ocupados pela cana-de-açúcar. Deste total, apenas 3,6 milhões de hectares são destinados à produção de etanol. Ou seja, toda a cana do Brasil está em 2% da sua área agrícola, e todo o seu etanol é produzido em apenas 1% dessa mesma área, destacou.
O argumento de que os canaviais brasileiros estariam invadindo a Amazônia também foi contestado pelo presidente com informações sobre a localização das áreas de cultivo de cana no País, ao mostrar que a produção se dá em regiões muito distantes da floresta. A região Norte, onde fica quase toda a Floresta Amazônica, tem apenas 21 mil hectares de cana, o equivalente a 0,3% da área total dos canaviais do Brasil. Ou seja, 99,7% da cana está a pelo menos 2 mil quilômetros da Floresta Amazônica. Isto é, a distância entre nossos canaviais e a Amazônia é a mesma que existe entre o Vaticano e o Kremlin, afirmou o presidente.
Meio ambiente - Os benefícios ambientais proporcionados pelos biocombustíveis também foram tema do pronunciamento do presidente. Lula salientou que o carro a gasolina emite oito vezes e meia mais gás carbono que o mesmo modelo movido a etanol. No caso do biodiesel, se comparado ao diesel, o resultado é que um caminhão movido com combustível fóssil emite 5,3 vezes mais dióxido de carbono do que o movido a biodiesel. Além disso, as plantas utilizadas na produção de biocombustíveis, durante a sua fase de crescimento, são também responsáveis pelo seqüestro de grande quantidade de dióxido de carbono. O etanol não é apenas um combustível limpo. É também um combustível que limpa o planeta enquanto está sendo produzido.
Ao final do pronunciamento, o presidente disse confiar na capacidade da humanidade de aprender com novos desafios e buscar saídas para combater problemas como a fome e a escassez de alimentos. A solução não está em se proteger ou em tentar frear a demanda. A solução está em aumentar a oferta de alimentos, abrir mercados e eliminar subsídios de modo a atender à demanda crescente. Para isso, é necessária uma mudança radical nas formas de pensar e atuar, concluiu.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
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