"Sr. Bush, abre este portão! Sr. Bush, derrube esse muro!"

Depois dos triliões de dólares desperdiçados em abater centenas de milhares das pessoas ao redor do globo, depois de fracassar em cada uma das suas políticas domésticas e internacionais, depois de insultar os preceitos nobres em que seu país foi construído e depois de garantir que ele será o último Presidente republicano por muitos anos, George Bush prepara um último tiro: um muro, tipo Berlim(fotografia).

Depois de dois termos, tornou-se claro que George Bush nem respeita a lei internacional, nem tem qualquer intenção de fingir que adere aos preceitos fundamentais das relações internacionais, tendo quebrado as Convenções de Genebra, a Carta da ONU e numerosas Resoluções em actos de assassinato fora das fronteiras dos Estados Unidos de América.

No entanto, a mais recente brincadeira do regime assassino e criminoso de Bush é a construção de um muro tipo Berlim/apartheid (a fotografia por Jay Johnson-Castro mostra o Portão de São Miguel). Como se isto não fosse suficientemente chocante, o muro é construído em Terras Nacionais dos Tohono O’odham, ilegalmente ocupadas.

A construção deste muro de fronteira já envolveu a dessecração de sepulturas ancestrais no lado ocidental das terras da Nação Tohono O’odham e é ainda mais uma infracção de direitos humanos numa lista longa de ultrajes, incluindo:

Um aumento significante em mortes de migrantes

Violação dos direitos de mulheres

Ocupação ilegal de terras

Armazenamento de desperdícios tóxicos em terras ancestrais

Violação de direitos tradicionais de mobilidade e de migrações de cidadãos Nativos

Além disso, e mais outra vez, o regime de Bush transgrediu um acordo internacional, a saber, a Convenção dos Direitos dos Emigrantes da Organização das Nações Unidas, que entrou em força em 1 de Julho, 2003, pouco depois as tropas de EUA começaram a invasão ilegal do Iraque, em que estruturas civis foram escolhidos como alvos com equipamento militar, em que foi perpetrado um acto de chacina, crimes de guerra e assassinatos em massa numa escala sem precedentes na história recente.

Esta Convenção (vinculativo sob a lei internacional) concede o direito de liberdade de movimento para, e retorno de, o país de origem (Artigo 8º); o direito a liberdade de tratamento degradante ou castigo (Artigo 10º); o direito a um processo legal justo com todas as garantias de um devido processo legal (Artigos 16º-20º); o direito a liberdade contra apreensão arbitrária ou detenção (Artigo 16º); Proibição contra expulsão coletiva (Artigo 22º); o direito a igualdade com cidadãos nacionais perante os tribunais (Artigo 18º). Dá para pensar, devido às centenas de casos em que estes artigos foram transgredidos.

A Convenção também estipula que sejam em situação regular ou irregular, todos os emigrantes são intitulados a um grau mínimo de proteção, visto que direitos humanos fundamentais são um preceito acessível a todos como um direito de nascimento.

Onde então, no meio de tantos preceitos nobres, se encontra o Muro Apartheid/tipo Berlim de George Bush? O mesmo lugar que sua política externa assassina que de uma vez por todas divorciou Washington dos corações e mentes da comunidade internacional.

Por uma coisa, no entanto, estou agradecido a George W. Bush. Um republicano, ele forneceu para nós, que ficámos ultrajados com o disparate da propaganda cripto-fascista durante a Guerra Fria, a possibilidade de disputar cada um dos insultos endereçados contra a União Soviética durante os anos do Reagan/Bush Sênior.

Reclamaram sobre a invasão de Afeganistão que era aliás, como Brezhnev disse, nada mais do que uma resposta para ajudar o governo progressivo afegão contra os terroristas dos Mujaheddin, ajudados e auxiliados por Washington. O resultado? Os EUA só não invadiram Afeganistão ilegalmente e 7 anos mais tarde, alcançaram menos que a URSS fez há 30 anos, e ainda por cima invadiram o Iraque também. E criaram o monstro que agora se vê.

Ronald Reagan fez a declaração que serve como o título a este artigo (no caso, o muro de Berlim serviu para proteger Berlim Oriental da decadência, porcaria, perversão e actividades subversivas que estavam desenfreados no Oeste e que desde a Unificação, invadiram o Leste como um gangreno; que absurdo a noção que o muro serviu para "manter as pessoas lá dentro” desde que os sinais e cartazes advertiram claramente que intrusos seriam abatidos a tiro e além do mais, havia maneiras muito mais fáceis de emigrar, como milhares das pessoas fizeram, de todos os países da Europa, Oriental e Ocidental.

George Bush fornece-nos a oportunidade perfeita jogar na cara – de um Presidente Republicano - esta declaração: "Sr. Bush, abre este portão! Sr. Bush, derrube esse muro!" E Sr. Bush, muito obrigado por ter sido tão previsível e por ter perpetrado todos os actos nefastos previstos nesta coluna em 2000.

"Sr. Bush, abre este portão! Sr. Bush, derrube esse muro!"

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA.Ru

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey