A chanceler alemã Angela Merkel propôs ontem à noite que os líderes europeus convocassem uma conferência intergovernamental (CIG) sem a Polónia, para redigir um novo Tratado sob a presidência portuguesa da União Europeia, enquanto, o primeiro-ministro polaco, Jaroslaw Kaczynski, anunciou, logo de seguida, em Varsóvia que a Polónia rejeitava a proposta apresentada pela Alemanha para relançar o tratado constitucional europeu.
Porém na madrugada de hoje (23) as agências internacionais informaram que a Polónia aceitou a última proposta da presidência de adiar, até 2017, a entrada em vigor do sistema de voto de dupla maioria. Desta maneira um compromisso foi celebrado.
Antes da reunião em Bruxelas, os gémeos Kaczynski afirmavam estar "prontos a morrer" pela alteração do sistema de voto, mostrando uma outra face. Os pequenos que em 1962 interpretavam "Os dois que roubavam a Lua", um dos filmes de culto da Polónia, são agora conhecidos nos corredores como a dupla pesadelo de cada reunião europeia, escreve Eoronews.
Jo Leinen, eurodeputado e chefe da comissão para o Tratado Europeu, acha estranho, pois "parece que quem tem o poder de decisão é Jaroslaw (primeiro-ministro) e não Lech (presidente). É algo de novo. Alguém que não tem poder para decidir vem à cimeira, sem um mandato completo, e tem de telefonar para casa para contar o que se passa e pedir autorização".
Depois de ter há semanas ter bloqueado um acordo entre Bruxelas e Moscovo, face ao embargo russo à carne polaca, Varsóvia recorreu agora à história para defender a sua posição.
Tal como o irmão presidente, o primeiro-ministro polaco, Jaroslaw Kaczynski, afirmou que sem a Segunda Guerra Mundial e os crimes nazis, a Polónia teria agora 66 milhões de habitantes, em vez dos actuais 38 milhões, e poderia ter quase o mesmo poder decisional que a Alemanha.
Mas o argumento provocou um coro de reacções europeias, algumas muito críticas.
Mesmo um veterano polaco da Segunda Guerra Mundial defende que hoje a Polónia não pode recorrer ao passado, que o conflito é outro, que o mundo está diferente e que, após o sofrimento, é preciso recomeçar uma nova vida.
Outro resultado da Cimeira foi Tony Blair, presente pela última vez como primeiro-ministro britânico, ter conseguido seu objectivo, manter o controlo nacional de certas políticas, como cooperação judicial e policial, e não haverá um ministro europeu dos Negócios Estrangeiros, mas um Alto Representante para a Política Externa e Segurança. A Cimeira de Bruxelas encerra a presidência alemã da EU,e o consenso alcançado permite a Portugal pensar numa presidência da União mais tranquila.
A redacção e aprovação do novo tratado deverá ter lugar até ao final do ano, para entrar em vigor em 2009, e ficará nas mãos da presidência portuguesa.
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