Com fracasoo terminaram as negociações de Podsdam , Alemanha, no âmbito do G-4 ( Brasil, Índia, EUA e União Européia), sobre a liberalização do comércio mundial. Ontem (21) Brasil e Índia decidiram se retirar das negociações por considerar "inútil" prosseguir com o diálogo sobre um novo acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC), declarou ontem o ministro das relações exteriores Celso Amorim.
"Era inútil prosseguir com as negociações levando em conta o que havia sobre a mesa", declarou Amorim, ao lado do ministro indiano do Comércio, Kamal Nath. Amorim explicou que a questão agrícola, principal pomo da discórdia na rodada de negociações de Doha para a liberalização do comércio mundial, foi o detonador do fracasso do encontro com seus interlocutores - o comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, e a representante dos Estados Unidos para o Comércio, Susan Schwab.
Acrescentou que as delegações brasileira e indiana decidiram abandonar a mesa de negociações de forma antecipada, já que a reunião de Potsdam deveria terminar no próximo sábado e comparou o encontro com a reunião realizada em setembro de 2003 em Cancun, que fracassou devido ao confronto Norte-Sul. "É um pouco como Cancun, o segundo ato", disse Amorim. "Os países desenvolvidos se encontram em um nível comum confortável para eles mesmos", explicou para denunciar a aliança euro-americana sobre questões agrícolas e produtos industriais.
A conferência de Cancun encalhou em um projeto de regulação euro-americano, que beneficiava os agricultores dos países ricos. Este documento suscitou a ira dos países emergentes que se reuniram em seguida para formar o "G20". Amorim denunciou as concessões exigidas em Potsdam pelos países ricos da parte do Brasil e da Índia em matéria de importações de produtos industriais.
A União Européia e os EUA exigiram que esses dois países limitem em 18% ou 20% as taxas alfandegárias sobre seus produtos, o que levaria, segundo o ministro brasileiro, a uma queda de 58% em média da proteção de seu próprio setor industrial.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse estar "decepcionado" com o fracasso das negociações."O presidente Bush está decepcionado de ver que alguns bloqueiam uma oportunidade de ampliar a liberalização", declarou o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto."Grandes economias como o Brasil e a Índia não deveriam se opor aos progressos de países menores, mais pobres e em desenvolvimento. No entanto, parece que foi exatamente isso que aconteceu na Alemanha", disse.
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