Margaret Beckett, a ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, anunciou esta quinta-feira (28) que as relações bilaterais entre o Reino Unido e o Irão estarão «congeladas» até que seja resolvido o incidente que envolve os 15 militares detidos.
«Todas as relações e negócios bilaterais com o Irão estão congelados até que este incidente se resolva», assegurou a ministra, citada pela Lusa, numa declaração feita no Parlamento, com muitas críticas dirigidas ao governo do Irão.
Margaret Beckett informou os deputados britânicos que as autoridades de Teerão «não aceitaram nenhuma das reivindicações [do governo britânico], nem deram qualquer explicação que justifique» o incidente.
O governo britânico «pediu desde o primeiro dia informações sobre o paradeiro dos militares, acesso consular aos detidos e a preparação da sua libertação imediata», explicou.
«Nada disto foi feito» disse Beckett, que centrou o seu discurso nas alegadas contradições das autoridades de Teerão.
«Na primeira reunião que tive com o embaixador do Irão, dia 23, recebemos as coordenadas deles sobre a posição em que os nossos militares estariam. As nossas coordenadas eram diferentes, mas depois de analisar as deles vimos que a posição que nos davam também era em águas territoriais do Iraque», disse a ministra.
«Sugeri que podia ser tudo interpretado como um mal entendido e que, como tal, deveriam libertar os nosso militares sem outras consequências, mas em vez de receber uma resposta a isso recebi, na segunda-feira, novas e "corrigidas" informações, que já davam outras coordenadas e mostravam, claro, que o incidente tinha acontecido em águas do Irão», relatou a ministra.
Depois de fazer esta descrição, com um tom de censura e ironia, a governante defendeu que os seis barcos do Irão que procederam à detenção dos militares britânicos teriam agido ilegalmente mesmo que o incidente tivesse passado em águas do Irão.
«O máximo que as autoridades militares de um país podem fazer nesta situação, ao abrigo da lei internacional, era pedir que abandonassem as águas do seu país, não proceder a uma detenção imediata», disse.
Algumas horas antes desta declaração, o vice-almirante da Marinha britânica, Charles Style, foi mais longe e disse que os 15 marinheiros e fuzileiros britânicos foram «vítimas de uma emboscada».
Numa conferência de imprensa, Style revelou pela primeira vez informações de satélite relativas à posição em que os militares se encontravam quando foram detidos.
De acordo com estas informações, as duas pequenas embarcações com bandeira britânica estavam a 1,7 milhas náuticas de distância da fronteira com o Irão, não podendo por isso ser acusados de invasão ilegal do território iraniano.
O oficial da Marinha garantiu que a informação «é inequívoca, não pode ser tomada como ambígua, e faz com que esta detenção seja injustificada e errada».
Os dados geográficos revelados pelo vice-almirante mostram também como as primeiras coordenadas geográficas fornecidas pelos iranianos apontam para um local que faz parte do território iraquiano.
Num curto comentário sobre o caso, no parlamento, o primeiro- ministro Tony Blair voltou a insistir que chegou a altura de «aumentar a pressão diplomática» sobre o Irão.
Fonte Lusa
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