Uruguai – O timaço do maestro Tabarez pega a pena e escreve mais uma página façanhosa do grandão adormecido

Sempre tentei saber porque Uruguai escreveu inúmeras páginas de glória que até hoje nenhuma seleção no mundo alcançou escrever? Quanta lógica existe para concretizar esses objetivos que alguns PIB estrondosos no mundo roem mas nunca alcançam? E desde ontem observando o pranto de felicidade das minhas fiholtas pela vitória com carimbo uruguaio...porquê os minutos 120 das Quartas são sempre os nossos parceiros. Primeiro no México 1970 perante a Rússia e em 2010 no confronto com Gana.

De jeito que fala o Professor e jornalista esportivo uruguaio aposentado, Dom Ruben Vázquez Falchi tentando justificar os grandíssimos sucessos do basquete e futebol uruguaio no histórico: «Acho que a razão para os sucessos incríveis do esporte uruguaio é a água que a gente bebe neste país».

Faz alguns anos compartilhei um bate papo com o engenheiro e amigo paulistano e são-paulino Gilberto Iacuzio. O assunto alvo dessa conversa foi que tinha acontecido um jogo de basquete Brasil x Uruguai e até os últimos minutos Uruguai teve chance mesmo de conquistar a vitória só que no final a vantagem do Brasil acabou esticando para 20 pontos encerrando a partida com vitória verde-amarela.

É bom levar em consideração que o meu amigo Giba adora Uruguai mas nessa oportunidade tentando aliviar a minha «peninha» acabou refletindo que era mesmo incrível que um pais pequeno gerasse tantos destaques no mundo no futebol e até no basquete para ter chances de concorrer quase até o apito final com países como o Brasil com 180 milhões de população.

Caso eu não fosse uruguaio daria para entender pois tem lógica na cabeça de um ser humano que nasceu fora da divisa desta terrinha de 178 mil quilômetros quadrados.

Foi nesse instante que nem sei se acabei respondendo para Seu Giba mas essa tal resposta ficou piscando mais uma vez na minha cabeça e só agora da para compartilhar com os leitores do PRAVDA.

Num mundo que tenta raciocinar tudo, quando Dona Lógica procura assentar sua bunda numa poltrona dum cinema lotado, quando a vida procura justiça num mundo com vaivens a cada dia pior tornando-a injusta, quanto os esquemas pré-concebidos dos cérebros imaculados planejam tudo com antecedência... nesse instante surge e floresce com força uma radícula de cor celeste que estraga essa tal lógica num piscar de olhos.

Um piscar de olhos foi o tempo que o Luisito Suárez completou para reagir como se 6 milhões de mãos tivessem colocado uma barreira embaixo do travessão uruguaio.

Uma das luvas do goleiro uruguaio Fernando Muslera já ficou com o artilheiro Luis Suárez pois fez a maior defesa que jamais tivesse imaginado, até mais do que o gol da vitória numa provável Final na África do Sul 2010. Uma outra é o presente do povo uruguaio todo para lacrar a boca do jornalista «inglês» que na Rodada de Imprensa depois do jogo perante a seleção ganesa acabou perguntando para o treinador uruguaio Oscar W. Tabarez, se essa ação do Suárez não tinha sido furto tirando a classificação do bolso do time ganês. O Suárez em pé na linha de fundo e embaixo da cidadela do guardião Muslera (tomara alguns dos centroavantes e artilheiros das seleções da África do Sul 2010 tivesse dado uma de zagueiro ficando nessa linha de fundo na hora H do jogo), fez uma primeira defesa com um dos joelhos mas a bola voltou nesse cantinho após uma cabeçada de um jogador ganês. A famosa «Mão de Deús» agora é uruguaia, como foi do Túlio no jogo Brasil x Argentina na Copa América 1995 na cidade de Rivera – Uruguai, como foi do Maradona perante os ingleses no México 1986, como foi do Luis Fabiano dando uma de equilibrista com os dois braços na África do Sul até ganhando sorriso do árbitro e também foi do Thierry Henry deixando fora aos irlandeses da África do Sul 2010. Nessa, Seu Jornalista, não acabou reclamando? Ninguém tirou vantagem de coisa alguma, ninguém tirou a classificação do bolso de seleção nenhuma, o Luis Suárez tirou do bolso do colete...meu bem!!!

Infelizmente esse jornalista perguntou uma hora depois desse fato que já é marcante no histórico das Taças do Mundo, tendo planejando a pergunta com muita antecedência não como o Suárez que teve apenas um segundo para reagir desse jeito incrível e vitorioso.

Inveja pelo histórico uruguaio tem os que acham que são grandes e ainda procuram se posar nesse pódio que é privilégio de alguns poucos, muito poucos no mundo, lista que o Uruguai faz parte sem tirar vantagem senão da valia dos jogadores que suaram a camisa celeste SEMPRE, além dos resultados.

Com ternura e carinho pelos brasileiros que eu conheço e respeito por aqueles que não, posso dizer que façanha do tamanho do Maracanaço 1950 ainda não aconteceu nos 80 anos das Taças do Mundo.

Alemanha não foi tombada em 1954, também não em 1974 pela «Laranja Mecânica», um dos melhores times nesses grandes eventos do futebol mundial que logo ia ter mais uma chance na Argentina 1978 e também capotou.

Brasil teve a grande oportunidade de mostrar na França 1998 que aquilo que aconteceu em Maracanã dava para se xerocar 48 anos depois vencendo os anfitriões do galo e sem precisar de virada nenhuma. O resultado foi France 3 x Brésil 0.

Será que tem lógica que logo após o gol brasileiro na Final do Mundo no Maracanaço 1950, o capitão uruguaio Obdulio Jacinto Varela que nem sei se acabou completando o ensino primário sobraçasse a bola e fosse bater um papinho com um dos bandeirinhas ingleses? Qual língua ele falou ficando alguns minutos do lado e pior ainda reclamando o quê?

Lógica houve no primeiro gol uruguaio do meia-armador Juan Alberto Schiaffino na hora que o ponta-direita Alcides Edgardo Ghiggia enfiou pela faixa direita quase até a linha de fundo fazendo cruzamento para o centro da grande área e se topando com a chuteira daquele magrinho Pepe Schiaffino que empurrou a bola nas malhas do Barbosa.

Mas lógica NÃO HOUVE no segundo gol quando numa jogada quase gêmea dessa anterior o «Nhato» Gigghia mais uma vez enfiou até o fundo pela direita e chutou para gol direto tendo o sentimento que os 200.011 mil torcedores brasileiros iam tentar obstruir o cruzamento para o centro da grande área. Magia pura que nasceu nas ruas isoladas daquele Montevidéu do decênio de 1940. Uma maluquice única...única até ontem, Sexta 02 de Julho de 2010 no Soccer City de Johanesburgo que um MALUCO da cidade de Minas (Uruguai) carimbou sua trajetória com nota dez, chutando o último pênalti da série de cinco com classe e muitaaaaaaaaaaa raça, para nós, só pra nós, uruguaios isso aí é GARRA tingida de suor CELESTE.

Obrigado WASHINGTON SEBASTIÁN ABREU GALLO. Saiba que tua mãezinha Marita pariu um louco do caralho!!! Já pode pendurar as chuteiras...só após mais dois esforços, sem cuidar dos resultados. Agora tanto faz...

O Pai da psicanálise, o Sigmund Freud com certeza tivesse ficado maluco tentando dar uma analisada na cabeça dos uruguaios que adoramos futebol ou basquete, que até treinamos em forma amadora ou profissional. Bem mais ainda na cabeça dos jogadores que desde ontem fazem parte da lista das glórias uruguaias sendo a única seleção Sul-Americana que deu esse mergulho gostoso na piscina das Semis da África do Sul 2010.

Meu sangue é a mesma que flui fervente pelas veias dessa turma vitoriosa que me fez chorar como se fosse criança.

Orgulhoso por ter nascido no Uruguai!!!

Alemanha, Espanha, Holanda e Uruguai nas Semis...alguém tivesse acreditado na Sexta 11 de Junho, na estréia?

Um último comentário antes da despedida hoje. O Tribunal Arbitral da África do Sul 2010 com certeza já está avaliando a punição do Luis Suárez...nesses casos, cartão vermelho por cobrar pedágio na bola antes de roçar as malhas é uma partida e só a Holanda teria que comemorar a falta dele. Mais do que isso já é demais!!!

Uruguai Campeão não é negócio para a FIFA mas vamos lá...

I AM EXTREMELY PROUD OF THEM!!

Fotos:

1 ) De esquerda á direita: Luis Suárez – Sebastián «Louco» Abreu

2 ) Maestro Oscar Washington Tabarez – Treinador uruguaio Itália 1990 e África do Sul 2010

Gustavo Espiñeira

Correspondente PRAVDA.ru

Montevidéu – Uruguai

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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