Omar "Cacho" Caetano faleceu em Montevidéu

No caso do Omar Caetano, tivemos o privilégio de conhecê-lo como jogador acima da relva do Estádio Centenario e fora o mítico Monumento Histórico do Futebol mundial, assistindo alguns jogos na tevê, participando em uma época que há lembranças em Branco é Preto além das coloridas que começavam seduzir os amadores do futebol bem mais que antes, talvez pelo esverdeado atraente do gramado que "começava florescer na telinha".

Vestindo a camisa 6, foi parte de uma turma inesquecível do Peñarol do decênio de 1960, conquistando a Taça Libertadores de América 1966 na terceira final no Estádio Nacional de Santiago de Chile dando uma virada histórica de 4 x 2 (0 x 2) perante o River Plate argentino que fez como que os torcedores do Boca Júniors carimbassem o River Plate como "galinhas".

Foi nesse time do Peñarol que a camisa 4 era propriedade do ex tricolor paulista, Pablo Forlán e a 8 de mais um são-paulino, como o Pedro Virgilio Rocha, além do Héctor "Lito" Silva mais um conhecido dos paulistas só que desta vez ancorando no Parque Antártica, da Água Branca.

Também foi esse time maravilhoso do Peñarol o primeiro em ter vencido aquele Real Madrid Penta Campeão Européio no Estádio Chamartín em um jogo internacional, hoje batizado Santiago Bernabéu e ficando apenas o nome Chamartín para o bairro no qual o Estádio fica localizado.

O equatoriano Alberto Pedro Spencer, artilheiro histôrico da Taça Libertadores na hora que o evento não tinha apoio financeiro e até hoje foi um dos grandes destaques daquela turma. Em homenagem, nesta edição 2009 a famosa Santander Libertadores vai receber seu nome. O Spencer pegou o avião sem voltar fazer pouso no início de novembro de 2006. Alguns meses depois seu parceiro enxuto no gramado naquele Peñarol, o preto peruano, Juan Joya Cordero pegou a faixa esquerda da quadra mas acabou caindo fora pela última linha, porém sem chances de fazer o lance final para a cabeçada do Spencer.

Agora foi a vez do Omar "Cacho" Caetano que tinha perdido a conexão que tinham pegado os pretos mais famosos daquele time.

"O "Cacho" foi um jogador sem sobe e desces. Não tirava nunca nota dez mas também não nota 4. Foi sempre 7 ou 8", salientou seu amigo Pablo Forlán.

Na hora das lembranças do Omar "Cacho" Caetano com a camisa 6 "celeste" nas Taças do Mundo, jogou na Inglaterra 1966, cumprimentando a Rainha Britânica na cerimônia da estréia perante os anfitriões com resultado de 0 x 0 e vestindo camisa celeste mas nessa oportunidade com números brancos e calção também branco.

Percorrendo as vitrines do Muséu das Lembranças do Cacho, encontramos o México 1970, sem dúvida a hora da glória maior da seleção cebedense, perdendo as Semis de 3 x 1 perante o Brasil, assistindo quase do lado daquela acrobacia que o Rei Pelé acabou fazendo no guardião uruguaio, Ladislao "Chiquito" Mazurkiewicz (mazurca) sem concretizar o gol mas ficando como uma das imagens marcantes e inesquecíveis das Taças do Mundo fora os 38 anos que já escorregaram.

Dando um mergulho fora das Taças do Mundo, o "Cacho" foi parte da turma que jogou a partida da estréia do Estádio Mineirão perante o Brasil, o 6 de Setembro de 1965 marcando um evento importante na história do futebol brasileiro pois a antiga seleção da CBD foi treinada pela única vez por um estrangeiro, o conhecido "Milongueiro argentino" Filpo Núñez do Palmeiras e da Sociedade Esportiva Portuguesa, treinando neste clube mais uma uruguaio como o Ernesto "Cholo" Ledesma.

Foi rival do Rei Pelé várias oportunidades, bem com a camisa celeste quanto com a auri-preta do Peñarol mas também ficou do lado do Tri Campeão do Mundo jogando com a camisa do Cosmos dos EUA, na hora que os "gringos" tentavam que o "soccer" fosse tão forte quanto o resto dos esportes que eles treinavam. O "Cacho" estava querendo pendurar as chuteiras e nada melhor que do lado do Edson Arantes do Nascimento. Também compartilhou vestiários lá com o Giorgio Chinaglia.

Mexendo na vida fora das quadras, e quase no final da carreira esportiva, jogava "papi-fútbol" (futebol treinado pelos os papais dos alunos do Colégio La Mennais do bairro Punta Gorda de Montevidéu), vizinhança na qual ele morava, junto com mais alguns famosos do futebol da época com o Luis Alberto "Negro" Cubilla e Sergio Silveira que começava furar redes vestindo a camisa nove do Danubio. Foram muitos os jogadores de futebol famosos com filhos estudando naquele Colégio que continua localizado na mesma Rua Eng. Aquistapace (antes Otelo, como a conheceu o Cacho).

A pele arrepia-se na hora desta lembrança. Este correspondente lembra-se destes detalhes pois sendo crianças compartilhamos o dia-a-dia (após a escolinha) junto com um ex aluno, meu amigo do peito, Daniel Diego Ruiz de Luzuriaga, quem faz 20 anos decidiu ficar no aguardo do "Cacho" acima das nuvens.

Quanto tem a ver com o Omar "Cacho" Caetano, já em 1970, anos de glória na vida esportiva dele, morava na Rua Caramurú 5495 com a travessa, Grito de Gloria, quase do lado do Riacho Malvín pertinho mesmo do famoso Moinho de Pérez na divisa dos bairros Malvín e Punta Gorda. Posso me lembrar ainda de seu carro Alfa Romeo da cor vinho tinto indo rumo ao centro pela Avenida Gl. Rivera.

Poderíamos dizer que Punta Gorda foi sua residência até o dia da sua última viagem pois mesmo tendo mudado da Rua Caramurú, foi apenas alguns quarteirões daí, em uma "cidade" perto. Com as mudanças que a própria telefônica uruguaia fiz no decorrer dos anos, mudando um número pelo outro e acrescentando um zero, ficou com o mesmo número que em aquele 1970.

Também nessa época, foi proprietário de um Posto de gasolina, investimento que muitos jogadores famosos faziam tentando manter sua qualidade de vida logo ter "aposentado".

Nasceu no clube Canillitas (também o "Lito" Silva antes de jogar no Danubio) no Tornéio da Extra (agora não existe) antes de dar aquele pulinho para o ambiente profissional no Peñarol, jogando muitas partidas perante mais um conhecido dos mineiros e brasileiros em geral como o Elbio Cincunegui, muito conhecido vestindo a camisa do Nacional de Montevidéu, que logo também foi rival no clássico com mais títulos no Mundo do futebol, Peñarol x Nacional.

Em uma terra na qual esquecer é parte do dia-a-dia, lembrarmos dos grandes na hora que ainda respiram é ótimo mas não fica ruim quando temos uma lembrança após a hora da última viagem.

Segundo o conhecido narrador de futebol uruguaio, Alberto Kesman, houve um ponteiro palmeirense que foi o pesadelo do Cacho no granado a cada oportunidade e infelizmente não lembra confronto nenhum do lado do uruguaio; com o resto logo alguns minutos sempre acabou dando um jeito.

Agora é sua oportunidade. Pode fazer a última homenagem para o Omar "Cacho" Caetano Otero. Por enquanto, convidamos você imaginar e teclar o 50 57 26 da UTE (a telefônica até 1974), seu telefone á partir do ano 1970 pois foram anos inesquecíveis na vida dele: Uma secretária eletrônica vai responder: Seja bem-vindo no céu. O Cacho Caetano agradece sua ligação. Obrigado pela lembrança. Faz muito bem!!

Até mais Campeão!!

Correspondente PRAVDA.ru

Gustavo Espiñeira

Montevidéu – Uruguai

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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