175 milhões de crianças não estão matriculadas no ensino pré-escolar - UNICEF
O primeiro relatório global do UNICEF dedicado à educação pré-escolar destaca a falta de investimento neste subsistema de ensino pela maioria dos governos em todo o mundo
NOVA YORK, 9 de Abril de 2019 - No mundo cerca de metade das crianças em idade pré-escolar - mais de 175 milhões de crianças - não estão matriculadas no pré-escolar, perdendo uma oportunidade de investimento essencial e sofrendo as consequências das desigualdades desde o início da vida, alertou o UNICEF no novo relatório divulgado hoje. Nos países de baixa renda, o quadro é muito mais sombrio, com apenas 1 em cada 5 crianças mais novas matriculadas no ensino pré-escolar.
"O ensino pré-escolar é a base educacional dos nossos filhos - cada etapa da educação que se segue depende do seu sucesso", disse a Directora Executiva do UNICEF, Henrietta Fore. "No entanto, essa oportunidade é negada a muitas crianças ao redor do mundo. Isso aumenta o risco de repetirem algumas classes ou abandonarem completamente a escola ficando à sombra dos seus colegas mais bem-sucedidos".
A World Ready to Learn: Prioritizing quality early childhood education ("Um mundo preparado para aprender: prioridade a educação na primeira Infância de qualidade") - o primeiro relatório global do UNICEF sobre educação pré-escolar - revela que as crianças matriculadas em pelo menos um ano da educação pré-escolar têm maior probabilidade de desenvolver as habilidades essenciais necessárias para terem sucesso escolar, são menos propensas a repetir classes ou a abandonar a escola e, portanto, mais capazes de contribuir para sociedades e economias pacíficas e prósperas quando atingirem a idade adulta.
As crianças na educação pré-escolar têm mais do que o dobro de probabilidade de estarem no bom caminho no domínio das letras e números do que as crianças que perdem a aprendizagem inicial. No Nepal, as crianças que frequentavam programas de educação na primeira infância tinham 17 vezes mais chances de estar no caminho certo para adquirir as suas habilidades em dominar letras e números. Em países onde mais crianças frequentam programas pré-escolares, um número significativamente maior conclui a escola primária e obtém competências mínimas em leitura e matemática após terminar a escola primária.
O relatório observa que a riqueza das famílias, o nível de educação das mães e a localização geográfica estão entre os principais determinantes para o acesso ao ensino pré-escolar. No entanto, a pobreza é o maior factor determinante. Alguns resultados principais do relatório:
Em 2017, uma média de 6,6% dos orçamentos nacionais para a educação eram globalmente dedicados à educação pré-escolar, com quase 40% dos países, com dados, alocando menos de 2% dos seus orçamentos para esse sub-sector. Na África Ocidental e Central, 2,5% são destinados à educação pré-escolar, com 70% das crianças na região, perdendo o acesso a educação na primeira infância. Em toda a Europa e Ásia Central, os governos dedicam a maior proporção - mais de 11% dos seus orçamentos de educação - à educação pré-escolar.
Esta falta de investimento mundial na educação pré-primária afecta negativamente a qualidade dos serviços, incluindo uma falta significativa de professores treinados no ensino pré-escolar. Juntos, os países de baixa e média renda congregam mais de 60% das crianças em idade pré-escolar, mas apenas 32% de todos os professores da pré-escola. De facto, apenas 422.000 professores do ensino pré-escolar ensinam actualmente em países de baixa renda. Com a expansão das populações, assumindo uma relação aluno-professor ideal de 20 para 1, o mundo precisará de 9,3 milhões de novos professores da pré-primária para atingir a meta universal de educação pré-escolar até 2030.
"Se os governos de hoje querem que a sua força de trabalho seja competitiva na economia de amanhã, precisam começar com a educação desde cedo", disse Fore. "Se quisermos dar aos nossos filhos a oportunidade de ter sucesso numa economia globalizada, os líderes devem priorizar e disponibilizar recursos adequados para a educação pré-escolar".
O UNICEF apela aos governos que garantam o acesso universal a pelo menos um ano de educação pré-primária de qualidade e a transforme numa parte habitual da educação de todas as crianças, especialmente das mais vulneráveis e excluídas. Para tornar isso realidade, o UNICEF insta os governos a comprometer pelo menos 10% dos seus orçamentos nacionais de educação para ampliar a educação na primeira infância e investir em professores, padrões de qualidade e uma expansão equitativa.
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Notas para os editores
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