Mangue Seco, a praia do escritor Jorge Amado

O Brasil tem cerca de 7,5 mil quilômetros de praias, sendo que 3,3 mil estão no nordeste do país, a região que tem as praias tropicais mais frequentadas por turistas brasileiros e estrangeiros durante o ano inteiro, pelo sol de 30º, águas mornas e tranqüilas, e infra-estrutura.

José Queiroz*
 

Há várias delas conhecidas mundialmente, como Porto Seguro e Fortaleza, porém, nenhuma encantou tanto ao escritor Jorge Amado (1912/2001) - de Gabriela, Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos, etc. - como Mangue Seco, onde ele se auto exilou por alguns meses durante a ditadura do presidente Getúlio Vargas - 1930 a 1945 - e onde se inspirou para escrever o romance Tieta do Agreste, publicado em 1977, que foi adaptado para a televisão em 1989, e para o cinema em 1996. Desde então o povoado vem se preparando para o turista que o procura!

Mangue Seco é a ponta de uma península que pertence ao município de Jandaíra, no extremo norte da costa do estado da Bahia, onde ele nasceu, e cuja capital, Salvador, é igualmente litorânea, bela e famosa pela obra do escritor. Nesse lugar há um parque de 34 km² de dunas entre o estuário dos rios Real e Piauitinga e o mar, enfeitado por palmeiras e outras plantas tropicais de várias espécies, que formam um conjunto de rara e exótica beleza selvagem.

Do outro lado está a cidade de Estância, em Sergipe, berço original da família Amado - avós, pais e tios - por isto o lugar é comentado em muitas obras, como Tereza Batista e Tieta do Agreste. Uma praia da cidade está aparecendo para o turismo, a Praia do Saco! Um dos primos do escritor era dono da casa em Mangue Seco onde filmaram cenas da novela, e que está conservada e ocupada por uma prima de Amado, de segundo grau, a simpática Flora, e é visitada por turistas de vários lugares.

Na península há mais de 30 km de praias intocadas para serem exploradas por banhistas e amantes da natureza! O melhor banho de mar da Bahia! Tudo isto pode ser desfrutado a pé, em quadriciclos, ou nos pitorescos buggies, os carros apropriados para andar na areia. E sem agredir o meio ambiente, pois Mangue Seco é uma APA - Área de Proteção Ambiental - e há trilhas demarcadas. Também há passeios de barco pelo estuário, para conhecer o exuberante ecossistema Manguezal, habitat de várias espécies marinhas, principalmente caranguejos. O espetáculo dos milhões deles que se vê na maré baixa, é imperdível!

Para ir a este lugar é preciso pegar um avião até Salvador, a 250 km, ou Aracaju, a 80 km, a linda capital de Sergipe, o menor estado do Brasil, e percorrer uma região tropical belíssima. Em Salvador começa uma rodovia litorânea - Estrada do Coco, Linha Verde e Airton Sena, 330 km - que termina em Aracaju, graças a Ponte Gilberto Amado - primo do escritor - recém inaugurada. No final da Linha Verde está a divisa dos dois estados, e mais alguns quilômetros adiante, o acesso à Pontal, em Sergipe, onde se pega barcos para Mangue Seco, pois ainda não há estrada direta. Em todo caso, é uma das viagens terrestres mais bonitas dos trópicos!

Do outro lado estão os experientes bugueiros em fila organizada para atender os turistas por ordem de chegada, e levá-los para um passeio inesquecível, que pode se
 
r nas dunas - o tradicional - ou ao povoado vizinho, Coqueiro, ou pela praia. Depois do passeio os buggies deixam os turistas nas barracas da praia e os pegam de volta.  Come-se divinamente bem em Mangue Seco! É impossível resistir ao camarão ao forno, com mandioca e queijo, da barraca Asa Branca, à mariscada da barraca da D. Raimunda, ao peixe carapeba da barraca da Inês, ou aos sorvetes exóticos da prima do Jorge Amado. Assim como é inesquecível a hospitalidade e o carinho de Mangue Seco pelos turistas!

Há agências em Salvador, como a Balangandan Turismo, e em Aracaju, a Nozes Tour, que oferecem o passeio, inclusive de ida e volta no mesmo dia. Também há pousadas, poucas, mas confortáveis para pernoite, fim de semana, ou alguns dias. Vá, conheça, inspire-se! Isto é Brasil!

*José Queiroz, guia de turismo, agente de viagem, especializado em Turismo Receptivo
 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey