Não é novidade que nosso povo enfrenta terríveis dificuldades. O governo de Yeda do PSDB não faz o mínimo necessário para melhorar a vida em nosso Estado. Ao contrário, trata-se de um governo desinteressado com a sorte do povo. E pior do que isso: trata-se de um governo corrupto.
Desde fevereiro de 2009 temos denunciado de modo sistemático os esquemas de corrupção levados adiante por Yeda e sua quadrilha. Durante meses sofremos o isolamento. Insistimos sempre, o tempo todo, na afirmação de que as provas de nossas acusações estavam de posse do Ministério Público Federal, que as havia obtido a partir, sobretudo, da delação premiada feita por Lair Ferst.
De fevereiro em diante nosso partido impulsionou a campanha pelo Fora Yeda. Sustentamos que um governo comprovadamente corrupto não podia ficar à frente do Rio Grande. Nenhum partido político nos acompanhou. A CUT e demais centrais governistas tampouco. Apenas o CPERS/Sindicato adotou por sua conta a mesma posição. Naquele momento, embora solitários na superestrutura, uma parte do povo começou a nos dar razão.
Depois do abalo inicial que sacudiu o governo de Yeda, o mesmo se recompôs na aparência e tentou continuar como se nada tivesse ocorrido. Novas crises vieram à tona, como as denúncias das escutas ilegais e as pressões sobre o Presidente do Detran feitas pelo chefe de gabinete da própria governadora. Ficava cada vez mais claro que realmente existia uma quadrilha no comando do Piratini. Apresentamos novas denúncias. Desta vez as mesmas foram confirmadas pela revista Veja. O apoio popular a nossa causa aumentou muito. Foi um novo abalo no governo. Novamente, passado algumas semanas, sempre com o auxílio da grande mídia, o governo tentou retomar sua administração desastrosa e corrupta como se nada tivesse ocorrido.
Apesar disso, o PSOL seguia sendo o único partido a defender o Fora Yeda e o impeachment da governadora, já neste momento protocolado pelo partido na Assembléia Legislativa. Mas desta vez setores expressivos da sociedade, sobretudo os trabalhadores e a juventude começavam a perceber que a causa do Fora Yeda era uma causa pela dignidade do Rio Grande.
Finalmente, em julho, Lair Ferst revelou para o jornal Zero Hora a essência de sua delação premiada com o MPF. Em suas revelações praticamente todas as denúncias apresentadas pelo PSOL em fevereiro de 2009 foram confirmadas. Como resposta o governo tentou desqualificar Lair. Disse que suas revelações não tinham valor. Mas em seguida o MPF confirmou as revelações de Lair e as denúncias do PSOL. Com o indiciamento de Yeda e mais oito dos seus principais colaboradores ficava evidente que o pedido de impeachment do PSOL estava correto.
A partir de então o Fórum dos Servidores protocolou na Assembléia um novo pedido de impeachment da governadora. Somente assim, depois de muita pressão e das provas incontestáveis do MPF, o Presidente da Assembléia, deputado Ivar Pavan, aceitou abrir o processo. Ao mesmo tempo, quando as provas já estão postas, a CPI da corrupção acaba sendo instalada
Agora, com o início do processo de impeachment na Assembléia, quando as chances de sua concretização aumentam aos olhos da população, está claro que o governo se prepara o quanto antes para enterrar a possibilidade dos gaúchos tirarem do governo imediatamente a quadrilha ali instalada. A CPI por sua vez segue paralisada por ação dos deputados da base governista.
Infelizmente, a mobilização social está muito aquém do necessário para impor aos deputados à verdadeira vontade do povo. O povo, sem confiança na Assembléia, não tem tomado as ruas. Assim, a CPI continua no pântano. E o que é pior, enquanto aqueles deputados que a querem ver funcionando se esforçam o tempo passa e os prazos da definição acerca do impeachment se estreitam, se aproximando a hora em que o governo use sua maioria para enterrar o pedido dos servidores cujo conteúdo é o mesmo do que foi apresentado pelo PSOL.
O único caminho para reverter esta situação e de fato arrancar a dignidade e o respeito exigido pelo nosso povo é a mobilização social de massas. É isso o que esta faltando. Cremos que uma das razões desta falta de mobilização também é a ausência de um chamado firme feito pelas entidades e partidos da oposição. O PT, por exemplo, nunca defendeu o Fora Yeda, de forma conseqüente. No máximo defendeu a CPI que no interior de uma Assembléia da maioria governista não tem como ser de fato um instrumento real de luta contra a corrupção. Até agora, aliás, o presidente deste partido, o ex-governador Olívio Dutra, não se pronunciou se é a favor ou contra o impeachment. Não chamou nenhuma coletiva nem mobilização social para defender o fim imediato deste governo. Da mesma forma o candidato a governador de Estado pelo PT e ministro da Justiça se mantém calado sobre esta demanda do PSOL e de parte fundamental da sociedade gaúcha. Nesta hora decisiva do povo gaúcho reivindicamos um pronunciamento destes líderes do PT.
Até agora o PSOL foi o único partido que defendeu com clareza o Fora Yeda, o fim imediato de um governo corrupto. Apelamos que todos os que reivindiquem a liberdade, a honestidade e a justiça façam sua esta luta. Reivindicamos que os partidos de oposição convoquem conjuntamente a mobilização da sociedade. Sem esta mobilização o impeachment não será aprovado. Neste sentido a responsabilidade do PT pela continuidade de Yeda no governo é enorme. Não basta que seus deputados votem a favor e esperem por uma derrota certa. È preciso impulsionar a mobilização social.
Infelizmente foi isso que o PT não quis desde o início, transformando esta luta política em uma mera luta eleitoral. O PSOL não se conforma com isso.
Queremos que o Rio Grande seja um exemplo. O povo gaúcho não pode aceitar a continuidade de um governo corrupto.
Agora não é mais hora de depoimentos formais e de investigação. A investigação já foi feita e Yeda Crusius foi indiciada como integrante de uma quadrilha que assaltou os cofres públicos em milhões de reais. Agora é hora de pressão das ruas e de posicionamentos claros. Por isso, apesar de nossas críticas aos partidos de oposição que se limitaram a fazer uma oposição parlamentar e eleitoral, nesta hora decisiva reafirmamos com toda nossa força o nosso chamado: convoquem conosco mobilizações unitárias pelo impeachment. Apelamos para que seus principais líderes se pronunciem de forma clara pelo fim imediato de um governo ilegítimo.
Assim, com todos entrando em campo, quem sabe o Rio Grande pode mostrar suas façanhas como exemplo a toda a terra.
Porto Alegre, 15 de setembro de 2009
Executiva Estadual do PSOL/RS
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