A Terra Indígena Raposa-Serra do Sol: Ameaças à soberania?

O ataque de certos ideólogos militares à demarcação da reserva Raposa-Serra do Sol afronta o pensamento e obra do marechal Rondon. Ele valorizava a existência de nações autônomas indígenas. Não a mera assimilação de indivíduos ao mercado de trabalho, como querem agora alguns generais e grileiros plantadores de arroz.

Em abril último, o atual Comandante Militar da Amazônia, o general Augusto Heleno, em palestra no Clube Militar, associou as terras indígenas das fronteiras amazônicas a um risco iminente à soberania nacional. Outros generais e conservadores “nacionalistas” apoiaram a paranóia alarmista.

A retórica do general falastrão, condenando a política indigenista, causou forte impacto jornalístico. E criou o fantasma de nova e iminente ameaça à "segurança nacional”. Por trás estariam ONGs internacionais. “Uma fantasia maliciosa”, disse ontem (27/8) o jurista Dalmo Dalari.

Para Ricardo Cavalcanti-Schiel, em Le Monde Diplomatique, o apelo fácil desse discurso nacionalista e a veemente condenação à política indigenista, feita pelo atual Comandante Militar da Amazônia, é sustentado pela teia de interesses econômicos, sobretudo fundiários, na região. De inteiro agrado da politicagem de Roraima.

Em defesa das seis etnias que residem na reserva, a advogada Joênia Carvalho, uma índia da etnia Wapichana, disse ontem (27/8) que é preciso que o STF dê um ponto final na violência que há décadas é cometida contra os povos indígenas na região. Índios assassinados, suas casas queimadas. Uma ameaça permanente. E arrematou: – Que crime praticamos para ter a nossa terra retalhada?

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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