Relatório preliminar não destaca as causas do acidente

O relatório preliminar sobre o acidente entre o Boeing da companhia aérea GOL e o jacto Legacy, publicado ontem pela Aeronautica brasileira não apurou as causas do acidente.

 Indica só que problemas na comunicação entre o Legacy e os centros de controle contribuíram para o acidente, mas que não seria possível ainda dizer que uma coisa  o causou .

 A   conclusão  é que a corporação não se sente ainda preparada para apontar os motivos que mantiveram as duas aeronaves em mesma altitude no tráfego aéreo.

"No momento, qualquer conclusão será prematura", disse o coronel Rufino da Silva Ferreira (foto), que preside a comissão criada para investigar o fato, durante a coletiva para apresentação do relatório preliminar sobre os trabalhos, que devem levar mais 10 meses.

O relatório preliminar comunica que os controladores do tráfego aéreo de Brasília fizeram sete chamadas para o Legacy durante meia hora, sem que obtivessem respostas, sendo que a última ocorreu um minuto antes do acidente, a 29 de Setembro. As investigações indicam, entretanto, que não houve falhas de comunicação com os pilotos do Boeing da GOL.

Quanto à informação do ministro brasileiro da Defesa, Waldir Pires, de que o «transponder» do Legacy não estaria a funcionar momentos antes da colisão, Ferreira ressaltou que isso só poderá ser confirmado a partir de análises mais específicas.

O «transponder» é um equipamento que transmite os dados de um avião para a torre de controle do tráfego aéreo e para outras aeronaves.

O relatório preliminar diz ainda que os pilotos dos dois aviões não fizeram manobras para desviar a rota e evitar a colisão.

O coronel Ferreira destacou que o objectivo da investigação não é apontar culpados mas prevenir outros acidentes.

«Jamais a investigação apontará responsáveis. Ela vai apontar os factores contribuintes e fazer recomendações», afirmou.

O foco das investigações, segundo Ferreira, está na avaliação do funcionamento do transponder e equipamentos de rádio e navegação do Legacy, conhecimento e preparo previstos aos pilotos da empresa de táxi aéreo para a realização do vôo no Brasil, mas também nos aspectos relativos a normas e procedimentos do controle de tráfego aéreo, atualmente em uso no Brasil e no mundo, sistemas e equipamentos de comunicações e sistemas de vigilância do controle de tráfego aéreo.

 
Ferreira afirmou ainda que a entrevista com os controladores de tráfego aéreo que trabalhavam no momento do acidente será "fundamental" para avançar nas investigações. Ele explicou que além dos dados técnicos, obtidos com gravações e registros dos equipamentos, o relato dos controladores vai permitir que a comissão identifique quais eram as informações disponíveis para orientá-los.


Os controladores poderão ser ouvidos na próxima semana, segundo o presidente da comissão. Os pilotos norte-americanos também voltarão a ser procurados pela equipe de investigação nos próximos dias. No final de outubro, o delegado da PF (Polícia Federal) Renato Sayão, responsável pela investigação sobre o acidente naquele órgão, tentou ouvir os controladores ligados ao acidente, mas todos faltaram. Eles alegaram estar sob tratamento psiquiátrico e psicológico. Mas Sayão espera ouvi-los na próxima semana, bem como receber as informações já reunidas pela Aeronáutica.

CONTATO - Um segundo antes da colisão no ar com o Boeing, às 16h56 e 53 segundos, o jato Legacy tentou pela sétima vez fazer contato com o centro de controle de tráfego aéreo de Brasília. As tentativas de haviam sido feitas para entender a orientação do centro de Brasília, para que a aeronave chamasse o centro Amazônico fornecendo duas freqüências, que os pilotos do Legacy não teriam conseguido "copiar".

Antes disso, o jato executivo fez 12 chamadas ao Centro Brasília, entre as 16h48 e 16 segundos e às 16h52 e 42 segundos, também sem resposta. Segundo Ferreira, o plano de vôo do Legacy, que partiu de São José dos Campos (SP) com destino a Manaus, previa uma altitude de 37 mil pés até Brasília, 36 mil pés entre Brasília e o ponto Teres, e 38 mil pés daí até Manaus. Mas o Legacy permaneceu a 37 mil pés até a colisão.

Parentes das vítimas do acidente entraram com processos nos Estados Unidos contra a ExcelAire ( empresa a qual pertence Legacy) e a Honeywell International, empresa que fabricou o transponder (equipamento anticolisão) do Legacy.

Com Agências 

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Author`s name Lulko Luba
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