Governo brasileiro, à época, se recusou a apoiar manobras de Washington para desestabilizar o governo de Hugo Chávez
Eduardo Vasco, Pravda.Ru
O jornalista, escritor e pesquisador norueguês Eirik Vold apresentou no último dia 31 de março em Caracas parte dos resultados de sua investigação sobre os documentos desclassificados e publicados pelo Wikileaks entre 2004 e 2010, que revelam as tramas dos EUA para derrubar o governo do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.
Uma delas foi a tentativa de convencer o governo brasileiro a apoiar as ações de Washington na América do Sul contra a Venezuela.
Um relatório enviado em março de 2005 aos EUA pelo então embaixador do país em Brasília, John Danilovich, descreve uma conversa deste com o chanceler brasileiro na época, Celso Amorim.
O chefe do Itamaraty, ao ser assediado pelo embaixador, afirmou que "Chávez havia sido eleito democraticamente e depois reafirmado em um referendo, que disfrutava de apoio doméstico substancial".
Amorim também argumentou que o presidente venezuelano "era uma figura popular na esquerda internacional e líder de uma potência principal no continente", segundo os documentos apresentados por Vold, que é especialista em geopolítica internacional e estudioso da relação entre os EUA e os governos progressistas da América Latina.
No final da mensagem, Danilovich expressou seu desapontamento sobre a posição do governo brasileiro.
Entretanto, os EUA não deixaram de planejar alianças contra a Venezuela. Um relatório de 2007 coloca Argentina, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai como possíveis aliados da Casa Branca para abalar o governo bolivariano.
Segundo Vold, em sua explanação por videoconferência durante o evento Venezuela Digital 2017, os EUA tentaram por diversas formas "derrubar o governo eleito com a ajuda de ONGs e de financiamento externo", além de apoiar partidos de oposição.
Um telegrama de novembro de 2006 descreve que, em 2004, o embaixador estadunidense na Venezuela relatava uma estratégia de cinco pontos que guiariam os esforços dos EUA naquele país no período 2004-2006.
"1º: fortalecer instituições democráticas; 2º: penetrar a base política de Chávez; 3º: dividir o chavismo; 4º: proteger os interesses econômicos dos EUA; 5º: isolar Chávez internacionalmente", citou o pesquisador.
Ainda segundo suas investigações, tanto a embaixada estadunidense em Caracas como outras sedes diplomáticas em toda a América Latina foram utilizadas pelos Estados Unidos para desestabilizar o governo venezuelano.
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