Milton Lourenço (*)
A levar-se em conta as previsões da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o ano de 2011 deverá ser marcado por recordes de movimentação de carga, impulsionados pelo bom momento da economia nacional. Ainda que a economia internacional não apresente o nível de anos anteriores, é de notar que tanto o Japão como a Alemanha, importantes parceiros comerciais do Brasil, estão em franca recuperação, contribuindo ao lado da demanda interna para a elevação do volume de carga nos portos nacionais.
Isso significa que não só os terminais de uso privativo como os portos públicos continuarão a ser cada vez mais exigidos. O Porto de Santos, por exemplo, em 2010, ocupou a primeira posição na movimentação de carga geral, que compreende os produtos de maior valor agregado. E deverá bater recorde também em 2011. Em 2010, foram 34 milhões de toneladas de carga geral, ou seja, 57% da movimentação total em portos brasileiros. E não será de surpreender se em 2011 apresentar crescimento superior a 10%.
Isso quer dizer que tanto o governo estadual como o federal precisam despertar para a necessidade de agilizar não só as obras previstas para o Porto de Santos como aquelas que, embora não façam parte do chamado Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)-2, são igualmente necessárias do ponto de vista logístico e de custo.
Segundo o Conselho da Autoridade Portuária (CAP), são 46 as intervenções em Santos, Guarujá e Cubatão necessárias para equacionar a questão da acessibilidade ao Porto por rodovia, ferrovia e hidrovia. Se esse alerta do CAP não for levado a sério, como não tem sido até aqui, o Porto corre o risco de enfrentar sérios problemas que poderão colocar em xeque a previsão da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) segundo a qual o complexo portuário em 2024 terá demanda para movimentar 230 milhões de toneladas. É de lembrar que, em 2010, o Porto movimentou 40% dessa quantidade: 96 milhões de toneladas.
Entre as 46 intervenções listadas pelo CAP, pelo menos duas são mais do que urgentes, pois, se tivessem sido inauguradas ontem, já teriam sido entregues com atraso: a passagem subterrânea no Valongo, o chamado mergulhão, e a Avenida Perimetral da Margem Direita no trecho 1 (ligação da Via Anchieta com o Saboó) e no trecho 4 (Avenida Mário Covas).
Tais obras constam do PAC-2 - que prevê a aplicação de R$ 1,4 bilhão em obras de infraestrutura no Porto de Santos -, mas até agora não saíram do papel. A Avenida Perimetral da Margem Esquerda, embora tenha tido a sua licitação concluída, continua em compasso de espera, ainda que as autoridades dêem como certo que as obras terão início no segundo semestre.
Entre outras obras prioritárias, estão as projetadas marginais da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, o mini-anel entre esta rodovia e a Avenida Plínio de Queiroz e o novo viário para o Trevo Luiz de Camargo, todas em Cubatão. Ainda em Santos, não se pode esquecer a "ligação seca" entre a Alemoa e a Ilha Barnabé que tanto pode ser uma ponte estaiada como um túnel subterrâneo.
Se tudo estará pronto até o final da década, não se sabe. Mas que o Porto de Santos estará envolvido nos próximos anos numa corrida contra o tempo, não se duvida.
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(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC).
E-mail: [email protected] Site: www.fiorde.com.br
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