A organização ambientalista Greenpeace denunciou nesta terça-feira (10) um suposto vazamento de concentrado de urânio numa usina de processamento do minério em Caetité (BA). A usina é administrada pela INB (Indústrias Nucleares do Brasil), estatal vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
A denúncia sobre o vazamento, que teria ocorrido no último dia 28, foi baseada em relatos de moradores do município, que alertaram sobre o risco de 30 mil litros do produto atingirem lençóis freáticos da região.
"Vazamentos desse tipo expõem a fragilidade da segurança nuclear. E depois de duas semanas não sabemos ainda a extensão da contaminação do solo, da água e quais os riscos para os moradores da redondeza", disse André Amaral, coordenador da campanha contra energia nuclear do Greenpeace.
A estatal e a ONG divergiram acerca da quantidade e do produto que vazou no último dia 28. Segundo a assessoria de imprensa da INB, houve o vazamento de apenas 500 litros de querosene, usado no processo de retirada do urânio da rocha.
Segundo a INB, o material, que já foi removido, vazou em razão de uma chuva intensa que causou picos irregulares de energia elétrica e, consequentemente, problemas técnicos em máquinas da usina.
"O incidente não provocou danos nem aos trabalhadores nem ao meio ambiente", afirmou a assessoria. Ainda assim, uma equipe técnica da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear), órgão que fiscaliza o setor, foi ao local para avaliar as causas do incidente e os possíveis danos ambientais.
Administrada pela INB desde 2000, a mina em Caetité é responsável pelo abastecimento das usinas Angra 1 e 2. Com Angra 3, a produção será triplicada até a inauguração da usina, prevista para 2014. O governo estuda ainda a instalação de mais quatro usinas nucleares, sendo duas no Nordeste.
Nesses nove anos, já ocorreram seis vazamentos --de substâncias diferentes-- na usina em Caetité. Em 2004, três municípios vizinhos registraram mortandade de peixes por causa de um vazamento de concentrado de urânio, tório e rádio.
Em outubro do ano passado, a ONG afirmou que a água do município estava contaminada por urânio, segundo análises de um laboratório no Reino Unido. Logo depois, a INB apresentou estudos oficiais que negavam a informação.
Mateus Magenta
da Agência Folha, em Salvador
Fonte: Folha Online
http://www.noticiasdabahia.com.br/editorias.php?idprog=4fbe073f17f161810fdf3dab1307b30f&cod=5202
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