Base: Ano de 2007 Fonte IBGE
Comércio ofereceu mais empregos, mas com salários médios menores no período 2003-2007
No período 2003-2007, foi marcante o crescimento do número de postos de trabalho oferecidos pelo Comércio (crescimento de 2,4 milhões pessoas ocupadas), com destaque para os setores de Hipermercados e supermercados, que gerou 256.849 novos empregos, e Comércio varejista de materiais de construção, com aumento de 212.598 postos. Por outro lado, houve redução nos salários médios pagos pelo Comércio como um todo, de 2,1 salários mínimos, em 2003, para 1,8 salário mínimo. As atividades que tiveram reajustes salariais superiores aos efetuados no salário mínimo foram o comércio atacadista de eletrodomésticos e outros equipamentos de uso pessoal e doméstico (de 3,4 para 3,8 salários mínimos). No nível estadual, São Paulo absorveu a maior parcela do pessoal ocupado no comércio do País, tanto em 2003 como em 2007 (29,4% e 30,3%, respectivamente), enquanto Roraima e Tocantins responderam pelo menor percentual (0,1%). Essas e outras informações fazem parte da Pesquisa Anual de Comércio 2007, que tem como objetivo descrever as características estruturais básicas do comércio no país e suas transformações no tempo em três grandes divisões: comércio varejista, comércio por atacado e comércio de veículos automotores, peças e motocicletas
Entre 2003 e 2007, a ocupação no comércio cresceu de 6,0 milhões para 8,4 milhões de pessoas, bem como o montante dos salários, retiradas e outras remunerações, que cresceu de R$ 37 bilhões para R$ 73,9 bilhões. O crescimento da ocupação no comércio foi marcante na atividade de Hipermercados e Supermercados, que aumentou de 541.371 para 798.250 postos de trabalho, nos anos analisados, respondendo pelo pagamento de R$ 4 bilhões (2003) e R$ 7,1 bilhões (2007). Também teve impacto relevante na geração de emprego, o Comércio varejista de materiais de construção, influenciado pela recente expansão da construção civil. A ocupação no setor passou de 525.115 para 737.713 pessoas, enquanto o pagamento de salários somou R$ R$ 2,9 bilhões e R$ 5,6 bilhões, respectivamente.
Por outro lado, houve redução no salário médio pago pelo setor, nesse período, passando de 2,1 salários mínimos, em 2003, para 1,8 salário mínimo, em 2007. A maior queda na remuneração média em salários mínimos, nesse período, ocorreu no comércio atacadista de calçados, cujo salário médio passou de 5,4 para 3,4 salários-mínimos. A atividade vem enfrentando, nos últimos anos, um contexto econômico relativamente adverso, com aumento da concorrência externa na cadeia produtiva, via entrada de novos países no mercado internacional. Foram significativas, também, as reduções nos salários médios nos setores de Comércio atacadista de produtos agropecuários in natura e Produtos alimentícios para animais (de 3,2 para 2,2 salários mínimos, no período), e no Comércio varejista em hipermercados e supermercados (de 2,5 para 1,8 salários mínimos, no período).
As atividades que tiveram reajustes salariais superiores aos efetuados no salário mínimo foram o comércio atacadista de eletrodomésticos e outros equipamentos de uso pessoal e doméstico (de 3,4 para 3,8 salários mínimos), o atacado de produtos extrativos de origem mineral (de 2,2 para 2,3), o comércio varejista de tecidos e artigos de armarinho (de 1,3 para 1,4 salário mínimo) e o varejo de produtos alimentícios, bebidas e fumo (de 1,2 para 1,3).
As maiores proporções de gasto com pessoal em relação ao valor adicionado, em 2003, estavam nas atividades de comércio varejista de máquinas e aparelhos de uso doméstico e pessoal, discos, instrumentos, etc. (87,8%), calçados, artigos de couro e viagem (83,3%) e tecidos e artigos de armarinho (81,8%). Em 2007, os maiores destaques foram encontrados no varejo de produtos alimentícios, bebidas e fumo (76,6%), produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria, cosméticos e veterinários (75,5%) e máquinas e aparelhos de uso doméstico e pessoal, discos, instrumentos, etc. (72,4%).
Os segmentos que destinaram uma menor proporção do valor adicionado às despesas com pessoal, em 2003, foram as atividades atacadistas de produtos extrativos de origem mineral (27,5%), calçados (28,8%) e combustíveis e lubrificantes (29,2%). Em 2007, novamente aparecem o comércio atacadista de produtos de extração mineral (29,0%) e o de combustíveis e lubrificantes (32,1%), seguidos do atacado de produtos agropecuários in natura e produtos alimentícios para animais (32,9%).
Região Norte respondeu pela menor parcela de empregos e salários do Comércio
A estrutura de empregos e salários praticamente não se alterou entre 2003 e 2007. A região Sudeste era, nos dois anos pesquisados, responsável por mais da metade dos salários. Embora com queda na sua participação (de 58,8%, em 2003, para 57,9%, em 2007), o Sudeste absorvia a maior parcela da população ocupada (53,2% em 2003 e 53,1%, em 2007). A região Sul manteve-se estável, no período analisado, com cerca de 1/5 da massa salarial e da ocupação nas atividades comerciais.
No nível estadual, São Paulo absorveu a maior parcela do pessoal ocupado no comércio do País, tanto em 2003 como em 2007 (29,4% e 30,3%, respectivamente) e foi responsável pela maior parte dos salários, retiradas e outras remunerações (36,3% em 2003 e 37,0%, em 2007). Também foi o estado com maior remuneração média, 2,6 salários mínimos em 2003 e 2,2, em 2007.
Também destacaram-se Minas Gerais e Rio de Janeiro. O primeiro ocupava, nos dois anos, a segunda posição em relação a pessoal ocupado (12,0% em 2003 e 11,1%, em 2007) e a terceira em massa salarial (9,3% em 2003 e 9,0%, em 2007). A média salarial deste estado (1,6 salários mínimos em 2003 e 1,5, em 2007), entretanto, era inferior à média nacional do comércio (2,1 salários mínimos em 2003 e 1,8, em 2007). O Rio de Janeiro era o terceiro no tocante ao pessoal ocupado (10,1% em 2003 e 9,4%, em 2007) e o segundo em salários (11,7% em 2003 e 9,9%, em 2007), com uma média salarial superior à total do comércio (2,4 salários mínimos em 2003 e 1,9, em 2007).
No outro extremo, os Estados que responderam pela menor absorção de mão-de-obra e pela menor parcela dos salários, retiradas e outras remunerações do comércio, em 2003 e 2007, pertencem à Região Norte. Tanto Roraima como Tocantins respondiam por 0,1% do emprego e da massa salarial.
Em 2007, 1,3 trilhão de receita operacional líquida
A PAC tem como objetivo descrever as características estruturais básicas do comércio no país e suas transformações no tempo em três grandes divisões: comércio varejista, comércio por atacado e comércio de veículos automotores, peças e motocicletas, que representaram, respectivamente, no número total de empresas do setor 84,4%, 6,9% e 8,7%. Em 2007, ela estimou 1,686 milhão de estabelecimentos pertencentes a 1,596 milhão de empresas comerciais. Juntas, elas geraram R$ 1,3 trilhão de receita operacional líquida.
Entre 2006 e 2007 não houve mudanças estruturais no setor comercial: o setor atacadista seguiu sendo responsável pela maior parcela da receita operacional líquida, enquanto o varejista teve o maior número de empresas e estabelecimentos, absorveu a maior parte do pessoal ocupado e teve maior participação nos salários, retiradas e outras remunerações.
Em 2007, as 110.368 empresas de atacado registraram R$ 551,5 bilhões em receita operacional líquida (43,8% do total) e ocupavam cerca de 1,27 milhão de pessoas (15,2%), despendendo R$ 18,2 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações (24,6%) ao longo do ano. A margem de comercialização do segmento atingiu R$ 89,0 bilhões (35,4%).
O setor varejista reuniu 1,4 milhão de empresas e gerou R$ 518,0 bilhões de receita operacional líquida (41,1%). Suas atividades absorviam cerca de 6,35 milhão pessoas (75,7%). O pagamento de salários, retiradas e outras remunerações somou R$ 47,8 bilhões (64,7%). O varejo gerou a maior margem de comercialização do comércio, R$ 134,9 bilhões (53,7%).
Já o comércio de veículos automotores, peças e motocicletas, com 138.400 empresas, gerou R$ 190,0 bilhões em receita operacional líquida (15,1%) e ocupou cerca de 766 mil pessoas (9,1%), tendo pago R$ 7,9 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações (10,7%) ao longo do ano. A margem de comercialização, de R$ 27,3 bilhões (10,9%), foi a menor do comércio.
A taxa de margem de comercialização do varejo, 36,9%, foi a maior entre os três segmentos. O comércio por atacado obteve taxa de margem de comercialização de 20,6%, e o comércio de veículos automotores, peças e motocicletas 17,7%.
Entre 2006 e 2007, as empresas na faixa de 500 ou mais pessoas ocupadas ampliaram sua participação na receita operacional líquida, de 28,9% para 29,2%, e se manteve como a segunda maior geradora de receita, aproximando-se da faixa de maior participação, de até 19 pessoas (31,0% em 2006 e 30,9% em 2007). Já as empresas na faixa de 100 a 249 pessoas ocupadas passaram de 11,4% para 11,5% da receita. As demais faixas de ocupação perderam participação.
Empresas de menor porte mantêm liderança
As empresas de menor porte, com até 19 pessoas ocupadas, concentraram a maior parte da massa salarial, do pessoal ocupado, dos estabelecimentos e do número de empresas. Em 2007, essa faixa era composta por 1,55 milhão de empresas (97,6%), responsáveis por R$ 388,6 bilhões de receita operacional líquida (30,9%), pela ocupação de 5,3 milhões de pessoas (63,1%) e pelo pagamento de R$ 35,2 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações (47,7%).
As 536 empresas na faixa de 500 ou mais pessoas ocupadas (0,03% do total) foram responsáveis por 29,2% (R$ 367,5 bilhões) da receita operacional líquida, 21,4% (R$ 15,8 milhões) da massa salarial e 13,6% (1,1 milhão) das pessoas ocupadas.
No comércio varejista, as empresas da faixa de até 19 pessoas ocupadas eram responsáveis pela maior parcela da receita operacional líquida (R$ 245,4 bilhões, 47,4%), da massa salarial (R$ 27,8 bilhões, 58,1%) e do pessoal ocupado (4.361 mil, 68,6%). As empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas (0,03% do total) responderam por 29,1% da receita (R$ 150,6 bilhões), 22,2% dos salários, retiradas e outras remunerações (10,6 bilhões) e 14,3% do emprego (909 mil).
No atacado, as empresas situadas na faixa de 500 ou mais pessoas ocupadas (0,1% do total) predominaram na geração de receita (R$ 203,3 bilhões, 36,9%) e na massa salarial (R$ 4,7 bilhões, 25,7%) e responderam por 16,2% da ocupação (206.273 pessoas). As empresas de menor porte, que ocupavam até 19 pessoas, responderam por 18,4% da receita operacional líquida (R$ 101,7 bilhões), 23,7% dos salários, retiradas e outras remunerações (R$ 4,3 bilhões) e pela maior parcela do pessoal ocupado no segmento (471,9 mil pessoas, 37,0%).
Dentre as empresas de comércio de veículos automotores, peças e motocicletas, as da faixa de 100 a 249 pessoas ocupadas detinham a maior parte da receita (R$ 48,6 bilhões, 25,6%) e eram responsáveis por 17,4% dos salários, retiradas e outras remunerações (R$ 1,4 bilhão) e 10,3% da ocupação (79 mil pessoas). As da faixa de até 19 pessoas ocupadas responderam pela maior parcela dos salários, retiradas e outras remunerações (R$ 3,1 bilhões, 39,7%) e das pessoas ocupadas (463 mil, 60,4%), participando com 21,9% (R$ 41,6 bilhões) da receita.
Comércio de veículos automotores, peças e motocicletas ocupou, em média, seis pessoas por empresa
As atividades que compõem o comércio de veículos automotores, peças e motocicletas ocuparam seis pessoas por empresa e pagaram 2,1 salários mínimos, em média. A atividade de venda de veículos automotores, com 26 mil empresas (19,1% do segmento), foi responsável por R$ 130,5 bilhões de receita líquida de revenda (72,0%).
O comércio de peças para veículos, que representava 70,4% das empresas (97,4 mil), obteve 20,7% da receita de revenda (R$ 37,5 bilhões). Já o comércio de motocicletas, peças e acessórios tinha 10,5% das empresas (14,5 mil) e gerou R$ 13,3 milhões de receita líquida de revenda (7,3% do segmento).
Em relação ao pessoal ocupado e à massa salarial, destacou-se a atividade de vendas de peças para veículos, com 448,8 mil pessoas ocupadas em 31.12.2007 (58,6%) e dispêndio anual de R$ 3,8 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações (47,8%).
Revendedoras de combustíveis e lubrificantes lideram receita do atacado
No atacado, as revendedoras de combustíveis e lubrificantes geraram a maior parte da receita líquida de revenda total, R$ 158,9 bilhões (30,5%), mesmo respondendo por pequena parte das empresas (2.026, 1,8%), das pessoas ocupadas (44.944, 3,5%) e da massa salarial (R$ 1,7 bilhão, 9,4%).
As revendedoras de produtos alimentícios, bebidas e fumo também contribuíram com parcela significativa da receita, 16,2%, com R$ 84,8 bilhões. Composta por empresas distribuidoras (como restaurantes, hotéis e redes de supermercados) e exportadoras, a atividade abrangeu o maior número de empresas e absorveu a maior parte do pessoal ocupado no atacado. Em 2007, eram 31.073 as empresas atacadistas de alimentos, bebidas e fumo (28,2%), que empregaram 26,7% (340.139) das pessoas ocupadas e pagaram R$ 3,4 bilhões (18,9%) em salários, retiradas e outras remunerações.
Em 2007, o atacado apresentou produtividade média de R$ 49.690, pagou remuneração média de 2,9 salários mínimos, ocupou uma média de 12 pessoas por empresa e obteve taxa de margem de comercialização de 20,6%. Destacou-se a revenda de combustíveis e lubrificantes, com produtividade de R$ 187 695, salário médio de 7,9 salários mínimos e média de 22 pessoas ocupadas por empresa. A taxa de margem de comercialização da atividade, entretanto, foi a menor do atacado (8,6%). Nesse caso, destaque para o comércio de produtos farmacêuticos (47,7%).
Hipermercados e supermercados mantêm liderança no varejo
No comércio varejista, duas atividades destacaram-se na geração de receita: hipermercados e supermercados, e combustíveis e lubrificantes. Com apenas 0,8% (11.117) das empresas de varejo no país, o setor de hipermercados e supermercados gerou 22,5% da receita líquida de revenda do segmento (R$ 112,9 bilhões), empregou 798.250 pessoas (12,6%) e pagou R$ 7,1 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações (14,9%). A atividade apresentou a maior média de pessoas ocupadas por empresa, 72; a média geral do varejo era de cinco pessoas.
Já a revenda de combustíveis e lubrificantes, com 2,2% (30.050) das empresas atuantes, obteve 21,8% da receita líquida de revenda (R$ 109,4 bilhões), ocupou 4,8% das pessoas (303.783) e despendeu 5,8% do pagamento de salários, retiradas e outras remunerações (R$ 2,8 bilhões). Sua produtividade, de R$ 38.599 adicionados por trabalhador, ficou acima da média do varejo (R$ 16.107). Na margem de comercialização, apresentou a menor taxa (16,0%), enquanto a do total das empresas varejistas foi de 36,9%.
O comércio de tecidos, artigos do vestuário e calçados destacou-se no número de empresas, na ocupação de pessoal e no pagamento de salários, retiradas e outras remunerações. Contando com 21,5% do número total de empresas (290.055), sua participação na receita líquida de revenda total ficou em 10,4% (R$ 51,9 bilhões). Já o pagamento de salários, retiradas e outras remunerações, R$ 8,1 bilhões, correspondeu a 17,0% do total. O número de pessoas ocupadas, 1,1 milhão, representou 17,3% do total. A atividade apresentou a maior taxa de margem de comercialização do varejo, 73,6%, seguida do comércio de produtos alimentícios, bebidas e fumo, com 61,3%, ante uma taxa de 36,9% no total do segmento.
Prof. Ricardo Bergamini
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