Brasil: Produção industrial cresce 0,4% em Março

Base: Março de 2008 Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – Brasil – Fonte IBGE

De fevereiro para março, o indicador de atividade industrial ajustado sazonalmente registrou variação positiva de 0,4%, após recuo de 0,5% no mês anterior. Em relação a março de 2007, o aumento foi de 1,3%. O primeiro trimestre de 2008 fechou com crescimento de 6,3% frente a igual período do ano anterior. Os índices de março revelaram um quadro positivo da atividade fabril, mas marcado por um menor ritmo de crescimento: na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a produção industrial cresce há dez períodos consecutivos, mas apresentou significativa redução na velocidade de crescimento ao registrar 0,4% no primeiro trimestre deste ano frente ao último de 2007 (1,9%). O indicador acumulado nos últimos doze meses (6,6%) perde ritmo em relação a fevereiro (6,9%), interrompendo a trajetória de expansão que vinha sendo observada desde março de 2007.

O acréscimo de 0,4% observado na passagem de fevereiro para março foi acompanhado por 17 dos 27 ramos pesquisados. Entre os destaques, vale ressaltar o desempenho da farmacêutica (16,0%), que recuperou parte da perda de 27,2% do mês anterior, veículos automotores (1,6%), edição e impressão (2,4%), minerais não-metálicos (2,3%) e metalurgia básica (1,2%). A queda mais significativa ocorreu em refino de petróleo e produção de álcool (-11,0%), resultado que reflete os efeitos de paralisação técnica em unidade de grande empresa do setor. Vale citar também as pressões negativas vindas de: indústrias extrativas (-3,5%), alimentos (-1,6%), outros produtos químicos (-1,6%) e máquinas para escritório e equipamentos de informática (-5,8%), este último registrou o quinto recuo seguido, com perda de 28,9% nesse período.

No corte por categorias de uso, os bens de consumo ostentaram as taxas mais elevadas entre fevereiro e março: bens de consumo semi e não duráveis (2,8%) e bens de consumo duráveis (1,7%). O primeiro setor reverteu parte da queda registrada no mês anterior (-3,6%) e o segundo, acumulou crescimento de 9,0% ao assinalar sua terceira expansão consecutiva. Bens de capital (0,9%) prosseguiu ampliando a produção, enquanto bens intermediários (-0,9%) registrou recuo pelo segundo mês seguido, acumulando perda de 1,6% nesse período.

Na comparação março 2008/março 2007 , o setor registrou um acréscimo de 1,3% marca bem abaixo das observadas em meses recentes. Essa redução acentuada no ritmo do índice mensal pode ser explicada pelos seguintes fatores: menos 2 dias úteis em março de 2008 em relação a março de 2007, forte queda na atividade de refino de petróleo e produção de álcool e, em menor medida, as dificuldades no fluxo de matérias-primas importadas para consumo industrial, em função do movimento grevista dos auditores da Receita Federal iniciado em 18 de março. O menor ritmo também se confirma no índice de difusão (percentual de produtos em crescimento) , que após chegar aos 65,6% em fevereiro recua para 44,1% em março, seu menor nível desde abril de 2006 (40,0%).

Ainda na comparação com março do ano passado, 14 dos 27 ramos pesquisados assinalaram aumento de produção, com destaque para as seguintes contribuições positivas, por ordem de importância, no índice global: veículos automotores (11,3%), máquinas e equipamentos (6,6%), outros equipamentos de transporte (22,5%) e metalurgia básica (5,5%). Nessas atividades, os itens que mais se destacaram foram, respectivamente: automóveis e caminhões; aparelhos/elevadores para transporte de mercadorias e centros de usinagens; aviões e motocicletas; e lingotes, blocos e tarugos de aço e ferronióbio. Quase a metade (13) dos 27 segmentos apontou recuo frente a março de 2007, com o maior impacto vindo de refino de petróleo e produção de álcool (-8,7%), por conta da paralisação que afetou a produção de óleo diesel e gasolina. Destacam-se, ainda, as reduções em máquinas para escritório e equipamentos de informática (-16,9%), alimentos (-2,6%) e bebidas (-6,9%).

Entre as categorias de uso, bens de capital atingiu mais uma vez a taxa mais elevada (12,7%) e a produção de bens de consumo duráveis superou em 6,5% a de março do ano passado. O setor produtor de bens intermediários (0,3%) completou 21 meses de taxas positivas, mas registrou o menor índice desde junho de 2006 (-0,4%), enquanto bens de consumo semi e não duráveis (-3,2%), após seqüência de 14 taxas positivas consecutivas, assinalou o único resultado negativo entre as categorias.

O bom desempenho de bens de capital foi sustentado por todos os seus subsetores. Acima da média de crescimento da categoria (12,7%) figuraram os grupamentos de bens de capital para agricultura (34,9%) e para transporte (18,8%), mas vale citar também a produção de máquinas e equipamentos para fins industriais (10,9%), confirmando o elevado nível dos investimentos. A produção de bens de consumo duráveis refletiu particularmente o avanço na fabricação de automóveis (13,7%) e o comportamento positivo do item telefones celulares (20,1%). Já o grupo eletrodomésticos ficou praticamente estável (-0,2%).

Entre os bens intermediários destacaram-se os incrementos em itens dos setores de metalurgia básica (5,5%), veículos automotores (5,7%), indústrias extrativas (3,0%), celulose e papel (3,1%) e minerais não-metálicos (3,5%). Vale citar também o desempenho positivo dos insumos da construção civil (5,4%). Mesmo assim, o resultado global da categoria ficou próximo da estabilidade (0,3%), influenciado sobretudo, pela pressão negativa vinda do setor de refino de petróleo e produção de álcool (-9,9%), resultado que refletiu a já citada parada técnica em março deste ano.

A produção de bens de consumo semi e não duráveis foi negativamente afetada por todos os seus subsetores, com destaque para alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-4,7%), que respondeu pela maior contribuição negativa no índice global da categoria, por conta dos itens: cervejas e chopes; e carnes e miudezas de aves. Em seguida, vale mencionar outros produtos não duráveis (-1,9%) e carburantes (-5,4%), esse último com influência negativa do recuo em gasolina.

Em bases trimestrais, observou-se desaceleração no ritmo de crescimento da atividade industrial na passagem do último trimestre de 2007 (7,9%) para o primeiro de 2008 (6,3%), ambas as comparações contra igual período do ano anterior. Nessa mesma comparação, por categoria de uso somente bens de consumo duráveis manteve a mesma velocidade entre os dois trimestres (de 13,4% para 13,6%). Bens de capital (de 24,0% para 17,1%), embora com queda no ritmo, assinalou as maiores expansões e ficou bem acima da média industrial. O setor de bens intermediários saiu de 6,8% para 6,0% e bens de consumo semi e não duráveis mostrou a perda mais acentuada, passando de 4,1% para 1,2%.

O crescimento de 6,3% na produção fabril neste primeiro trimestre, relativamente a igual período do ano anterior, atingiu a maioria (20) dos 27 segmentos pesquisados. Veículos automotores (19,4%) manteve a liderança em termos de impacto sobre o índice geral, cabendo à produção de automóveis e caminhões os maiores destaques. Outros impactos positivos relevantes vieram de máquinas e equipamentos (11,4%), produtos químicos (9,5%), outros equipamentos de transportes (27,3%) e metalurgia básica (7,8%). Por outro lado, dos sete ramos que registraram queda, os maiores impactos foram máquinas para escritório e equipamentos de informática (-12,0%) e farmacêutica (-4,9%).

Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a produção industrial apresentou significativa redução na velocidade de crescimento ao registrar 0,4% no primeiro trimestre do ano frente ao último de 2007 (1,9%). Essa redução atingiu todas as categorias de uso, exceto bens de consumo duráveis (de 0,5% para 5,9%). Bens de capital (de 5,8% para 3,4%) e bens intermediários (1,7% para 1,1%) perderam ritmo mas, mesmo assim, cresceram acima da média da indústria no primeiro trimestre do ano, enquanto bens de consumo semi e não duráveis desacelerou (de 0,6% para –0,9%) e registrou queda.

Ricardo Bergamini

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey