O site de relacionamentos mais popular no Brasil Orkut está deixando sua controladora, Google numa situação embaraçosa, escreve hoje ( 19) o diário financeiro The Wall Street Journal .
De acordo com o jornal, Google faz pouco para combater crimes como racismo e pedofilia no Orkut, ainda que recebe do Orkut o lucro significativo- de US$ 1 bilhão- no último trimestre um aumento de 46% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O site, com 25 milhões de perfis registrados, surpreendeu a Google ao virar uma coqueluche no país.
Mas o sucesso trouxe dois 'efeitos colaterais': a multiplicação de comunidades de conteúdo racista, ofensivo e mesmo criminoso, e o desafio de gerar receitas em um ambiente de forte desconfiança de anunciantes.
"Quando Google tentou colocar anúncios no site, entrou em problemas. Críticos no Brasil divulgaram um relatório mostrando anúncios do Orkut ao lado de fotografias de crianças desnudas e animais sendo abusados", descreve o texto.
"A Google suspendeu imediatamente os anúncios, mas a companhia de Mountain View, na Califórnia, ainda está lutando contra a campanha dos críticos do Orkut."
Segundo a reportagem, o Orkut registra tantos casos de pedofilia e crimes online quanto qualquer outro site semelhante mas ainda assim grandes anunciantes como Diageo estão deixando de anunciar nas suas páginas.
"O Orkut é uma caixa de Pandora", diz na matéria um porta-voz da multinacional do setor publicitário McCann Erickson, ouvido pelo jornal.
No pior caso, a Google enfrenta acusações criminais na Justiça de São Paulo por se recusar a fornecer dados de seus usuários requisitados pela polícia.
O braço da Google no Brasil reconhece que "cometeu o erro de não dedicar recursos suficientes para entender a cultura e o país onde seu site se tornou popular".
"O produto cresceu mais rápido que o suporte", disse o diretor da Google no Brasil, Alexandre Honagen, para quem a estratégia de gerenciamento do Orkut no Brasil seria "feita de forma diferente", se fosse iniciada hoje.
Esse problema é maior no exterior do que nos Estados Unidos, diz o WSJ, porque no país norte-americano as leis de privacidade na internet e de liberdade de expressão são "relativamente bem desenvolvidas".
Com BBC Brasil
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