O dito popular em título, utilizado no Brasil quando um problema não tem solução, aplica-se na perfeição ao conflito israelo-árabe, que tem em Gaza mais um novo desdobramento violento e dramático.
Para deflagrar uma guerra não é preciso muita coisa, basta um bom e convincente pretexto que, moralmente, a justifique. Já vimos este filme mais de uma vez Pior é terminá-la E o pretexto será tanto ou mais eficiente, quanto maior for o ódio instalado no coração e na mente dos homens. Ódio, é precisamente o que não falta na Palestina e é tão monumental, que a esta altura do campeonato já ninguém sabe como tudo começou, como também não sabe a quem cabe a maior quota de responsabilidade no conflito.
O discurso político completa o rosário de enganos e erros, servindo para confundir e alimentar paixões, porque é destas, sobretudo destas, que a guerra se alimenta. No caso, soubessem os povos que são vítimas de um grande e absurdo equívoco histórico, bem orquestrado por manipuladores ao serviço da Oligarquia Internacional, que sempre teve o "olho grande" nos recursos estratégicos do Médio Oriente, naturalmente a confrontação militar nem sequer começaria e a indústria de armamento que a suporta, iria à falência por falta de encomendas... Mas o conflito israelo-árabe, velho de um século, tem todos esses ingredientes e dificilmente terá um fim, embora se saiba que a guerra nunca foi uma verdadeira solução... Pelo contrário.
O absurdo que despoletou o conflito israelo-árabe, começou no final do Século XIX, quando um grupo de intelectuais europeus com uma origem judaica discutível, alguns até desprezavam o Judaísmo, resolveu fundar um movimento político, o Sionismo, tendo como objectivo a criação de uma pátria para os judeus da Diáspora. Há historiadores que a refutam, como Shlomo Sand, de ascendência judaica, para quem não houve uma dispersão programada de judeus, durante o Século I, levada a cabo pelos romanos. Sempre houve uma migração latente antes e depois do domínio de Roma, havendo inclusive comunidades dispersas pelo Médio Oriente e pelo Mediterrâneo, de Judeus e ou de praticantes conversos ao Judaísmo, com origem étnica muito diversa dos filhos de Abraão. Aliás o mesmo aconteceu com os cristãos, sobretudo após o ministério do Apóstolo Paulo.
Por outro lado, Theodor Herzel, fundador daquele movimento, por exemplo, antes do seu engajamento pela causa de Sião, defendia uma Alemanha forte e unida Porém face às perseguições, progrons, que os judeus, sobretudo do ramo asquenaze, sofreram na Europa Central e Oriental, durante o Século XIX, fê-lo mudar de campo. O Sionismo tem como fundamentação ideológica os mitos bíblicos do "Povo Escolhido" e da "Terra Prometida". Segundo o Judaísmo Ortodoxo, Javé (Deus) escolheu os hebreus para a sua acção no mundo, tendo-lhes doado uma terra, onde emana "leite e mel", em ordem à criação de uma grande nação, que deve ser nuclear para todos os povos Nuclear é um eufemismo, porque o que sempre se pretendeu e pretende é o domínio do Planeta e os sionistas não são os únicos a querê-lo. Em parte, muitos cristãos também acreditam neste mito e divulgam-no como uma promessa divina irrefutável Que, engano! Dirão os milhões e milhões de homens que professam outros credos
Numa primeira fase, os sionistas não pensavam na Palestina como o único destino possível para o estabelecimento da Pátria Judaica. Houve quem alvitrar-se a Argentina e o Congo. Acabou por vencer a opinião daqueles que sempre defenderam que a utopia dos mitos bíblicos tinha que se realizar na "Terra Santa", com Jerusalém como capital. Para alguns destes o "Lar dos Judeus" deveria compreender um território desde o Eufrates ao Nilo, incluindo a Transjordânia. Diga-se, um território muito maior que o efémero Reino histórico de Israel, referido no Velho Testamento. Esta solução porém deparava-se com um magno problema: que fazer com a população nativa? Duas tendências se perfilaram: uma defendia a integração dos habitantes no novo Estado, outra porém, a sua exclusão e consequente expulsão do território. Venceu esta. E aqui nasceu a raiz do conflito.
No início o Sionismo procurou adquirir na Palestina, território então sob domínio da Turquia, terrenos para criar quintas colectivas, kibutzes, destinadas a albergar jovens judeus. Para tanto foi criado um banco. Contudo as autoridades turcas temendo uma imigração maciça de asquenazes, não acedeu ao plano de Theodor Herzel. Após a 1ª. Guerra Mundial porém, com a Palestina já sob mandato da Inglaterra, o plano teve seguimento, ainda que os ingleses oficialmente não o apoiassem. É neste período que têm lugar as primeiras escaramuças entre a população nativa e os imigrantes da Europa Central e Oriental. Na verdade estes judeus são na sua maioria assimilados (Os asquenazes são descendentes dos antigos khazares convertidos maciçamente ao Judaísmo no Século VIII.), quando os autóctones se recusavam vender as suas propriedades, expulsavam os seus legítimos proprietários e ocupavam-nas. Claro que isto gerou uma reacção violenta da parte dos palestinianos, o que obrigou a diversas intervenções das autoridades inglesas. Em resultado, o Sionismo criou diversas brigadas paramilitares para defender os colonos. São estas, que mais tarde, de uma posição de defesa, passam ao ataque, iniciando a espiral de violência terrorista, inclusive contra os ingleses. Tais facínoras tornam-se depois líderes políticos e militares que hoje são heróis de Israel e são os seus filhos que dirigem o país. Convém observar que no território, desde sempre, vivia pacificamente uma comunidade de Judeus, que nesta altura rondava as 50 000 almas, estes sim originais, tal como ocorria em todo o mundo Islâmico do Mediterrâneo. Alguns dos berberes que no Século VIII entraram na Península Ibérica em socorro dos Visigodos cristãos arianos, eram praticantes do Judaísmo.
Após a II Guerra Mundial, no rasto do horror Nazi, de que os judeus não foram as únicas vítimas, o projecto sionista recebeu um forte estimulo, tendo contado com o apoio tácito dos Aliados e explicito das organizações judaicas com sede nos USA, que constituem um forte lobby à causa Sionista. Este apoio no entanto contrastou dramaticamente com a falta dele durante o Holocausto, algo muito comprometedor, tanto, que não escapou ao cineasta Steven Spildberger, na feitura do filme "Lista de Shidler". Numa cena podemos observar que alguns judeus, prestes a serem transportados para um campo de extermínio, discutem entre si, uns esperançosos, outros nem tanto, sobre um suposto socorro dos magnatas judeus norte-americanos, que nunca chegou. Adolfo Hitler, pelo contrário, recebeu forte apoio financeiro de banqueiros judeus, nomeadamente do ramo Rothschilds, J.P. Morgan, além de ter beneficiado das ligações comerciais e tecnológicas com grandes e conceituadas empresas norte-americanas, como a Ford, a General Electric, a Santard Oil, a General Motores, a ITT, por exemplo, em cujo capital social ou accionário a elite judaica dos USA tinha e tem posições importantes. Comprometedor também o facto de a terra do Tio Sam nunca ter franqueado as portas à população pobre e estigmatizada da Europa Central e Oriental. E não o fez por duas razões fundamentais. 1º., Porque se tratava de uma imigração "contaminada" pela ideologia "romântica" do Socialismo, o que podia ser um mau negócio para o Capitalismo que defendiam; 2º., Porque era muito vantajoso, para os seus interesses económicos e estratégicos, a criação de um Estado Judaico, "amigo", encravado no Médio Oriente, vigiando os árabes e dando cobertura militar aos seus interesses económicos na região. O Petróleo já jorrava há muito e antes que os árabes levantassem cabelo, era importante uma posição de força na região. Daí porque Israel é de facto uma extensão política e militar estadunidense, beneficiando do apoio incondicional da Casa Branca. Nesse sentido, os milhões de imigrantes que partiram das suas terras, muitos de duvidosa ascendência judaica (Nós, na nossa juventude, que não somos judeus, também estivemos prestes a embarcar para a mítica "Terra Prometida" da Palestina, a convite de um grupo de jovens argentinos ditos judeus que connosco vinham da América do Sul, em 1965), foram e são um joguete nas mãos da Oligarquia Internacional, de que o Sionismo é um outro ismo que inventou para objectivar seus sinistros interesses de controlo e domínio sobre todo o Planeta.
"O que está acontecendo na Palestina, não é justificável por nenhuma moralidade ou código de ética. Certamente, seria um crime contra a humanidade reduzir o orgulho árabe para que a Palestina fosse entregue aos judeus parcialmente ou totalmente como o lar nacional judaico." Gandhi
Artur Rosa Teixeira
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