Data/Horário: 23 e 30 de Maio | 21h30
Local: Igreja de S. Domingos, Rossio | Lisboa
Interpretação: Coro da Universidade de Lisboa
Solistas: Sara Ramalhinho (Soprano), Manon Marques (Contralto), Pedro Teixeira (Tenor) e João Robert (Baixo)
Direcção: Maestro José Robert
Encenação: Ávila Costa
Em 1985, ano da concepção da Missa Tiburtina, a fome no mundo era endémica e a comunidade política pouco reagia às situações urgentes vividas em países como a Etiópia ou Moçambique.
Os movimentos de artistas pela sensibilização de massas, como o USA for Africa, com a música We are the World - que contou com a participação de músicos como Lionel Richie e Micheal Jackson foram as manifestações pop da revolta sentida contra a apatia face às necessidades das população dos países em desenvolvimento. A Missa Tiburtina, de Gilles Swayne é, na área da música erudita, a grande representante da indignação que os músicos chamados eruditos também sentiam nesta época conturbada da história mundial.
Encomendada pela International Kodály Society, a Missa Tiburtina teve a sua primeira exibição no Queen Elizabeth Hall, em Londres, e desde então foram realizados concertos desta obra por todo o mundo.
Giles Swayne nasceu em 1946 e dedicou-se ao piano desde a infância. Foi galardoado pela Academia Real de Música em 1968 com o prémio de composição e é hoje aclamado como um dos grandes compositores do Reino Unido.
ENTRADA LIVRE
Maestro José Robert: contactos: 96 23 59 818
Encenação: Ávila Costa: contactos: 91 675 77 14, 21 934 15 42
O Coro da Universidade de Lisboa apresenta, em estreia absoluta em Portugal, a Missa Tiburtina, de Giles Swayne, em consonância com os seus objectivos de promoção cultural e
social ao nível da Universidade. Em 1985 Giles Swayne, a convite da International Kodaly Society, conclui a Missa Tiburtina, uma obra desconcertante, ao encontro dos mais profundos contrastes da actualidade.
Impotente e hipócrita, a sociedade choca-se quando confrontada consigo própria, por quanto respirar implique algures um asfixiar; por quanto um momento de mero prazer implique o entorpecimento de uma outra sobrevivência; até mesmo quando os alicerces da paz e sossego dos nossos lares, são a exploração infantil, a violação dos direitos humanos, a guerra, a desintegração e manipulação de culturas; sub-humanização em prol de qualquer prazer. E apesar deste cenário não se apresentar muito diferente em qualquer outra altura da história, são os próprios meios de comunicação, o progresso tecnológico e a avidez de conhecimento que potenciam e aceleram, inevitavelmente, a utilitarização de princípios e valores. O cenário é amargo e o reconhecimento do decaimento de humanidade na Humanidade, é o cerne desta obra. Conceptualmente, a Missa Tiburtina, está escrita numa linguagem moderna, agregando técnicas eruditas, nomeadamente minimalistas, com recorrência frequente à fragmentação assim como elementos de origem étnica.
O discurso é muito rico e variado, ora ilustrando um sentido principal e directo da palavra, ora um sentido subliminar, e por vezes até contrário. A vertente dramática e quasi teatral desta obra, obtida pela dinâmica de espaço introduzida no concerto, seja pela inclusão de textos declamados, seja pela justaposição de carácteres, ou personagens, interactuantes no discurso musical, conferem à Missa Tiburtina uma componente fortemente descritiva e discursiva não só no âmbito estritamente musical mas também no âmbito cénico. O texto é composto pela Missa e por uma mensagem do autor: o texto da Missa, o meio principal, durante séculos, para a expressão do clamor pela justiça divina contra a insaciedade e cegueira humanas, apresenta um forte meio de expressão, perfeitamente actual, ao qual Giles Swayne interpõe textos da sua autoria para uma objectivação do percurso da Missa.
FICHA TÉCNICA: Coro da Universidade de Lisboa | Direcção José Robert | Solistas Sara Ramalhinho (Soprano), Manon Marques (Contralto), Pedro Teixeira(Tenor), João Robert (Baixo) | Encenação Ávila Costa
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