Paul Tibbets, o piloto norte- americano que lançou a primeira bomba atômica "Little Boy" sobre Hiroshima em agosto de 1945, provocando a morte instantânea de dezenas de milhares de pessoas morreu nesta quinta-feira, aos 92 anos de idade na sua residência em Ohio, EUA. O jornal The Columbus Dispatch, de Ohio, informou que ele deixa uma esposa, Andrea, e três filhos, e que o corpo será cremado.
No dia 6 de agosto de 1945, o então jovem tenente-coronel da Força Aérea americana pilotava o bombardeiro SuperFortress B-29 "Enola Gay", que liberou a primeira bomba atômica da história da humanidade.
Paul Tibbets tinha apenas 30 anos quando decolou com seu B-29 junto com 11 membros da sua tripulação, de uma base americana nas Ilhas Marianas. O bombardeiro tinha sido batizado de Enola Gay, o nome da mãe de Tibbets, segundo AFP.
O primeiro teste nuclear havia sido realizado com sucesso menos de um mês antes, no dia 16 de julho de 1945, no deserto do Novo México.
No dia 24 de Julho, o presidente Harry Truman (1945-1953) aprovou a decisão de efetuar bombardeios atômicos contra o Japão.
No dia 31 de julho, Truman ordenou o bombardeio de Hiroshima "assim que o tempo permitisse".
Na verdade, a missão de Tibbets tinha começado bem mais cedo, em setembro de 1944.
O jovem piloto, que havia participado de inúmeros combates na Europa e no norte da África, foi convocado à base aérea de Colorado Springs onde tomou conhecimento da missão.
A tripulação foi escolhida pelo próprio Tibbets e poucos dias antes do bombardeio, o grupo foi transferido para a ilha de Tinian, no Pacífico sul.
"Little Boy"
Na época, os cientistas foram claros com o piloto: o avião deveria voar a 31.000 pés (9.448 metros) e a bomba iria explodir a cerca de 600 metros de altitude. Apenas 43 segundos iriam se passar entre o momento em que a "Little Boy" (o apelido da bomba) deixaria a aeronave e a sua detonação. Se a tripulação quisesse sobreviver, teria que se afastar, durante esse tempo, cerca de 12,8 quilômetros.
Os doze homens a bordo do Enola Gay, às 02h45 do dia 6 de agosto de 1945, estavam equipados apenas com um pára-quedas e uma pistola. Ao comandante, o médico da base entregou, na época, uma pequena caixa contendo doze pílulas de cianureto, um potente veneno. Em seguida, o capelão da base fez uma oração e foram tiradas algumas fotografias. Então, o Enola Gay recebeu ordens para decolar.
Às 08h15, hora de Hiroshima, a bomba foi liberada. Tibbets imediatamente posicionou o avião numa curva à direita, em cerca de 155 graus. Só Bob Caron, que estava na parte de trás do avião, foi capaz de ver a gigantesca bola de fogo e de tirar fotografias. O avião foi atingido, então, pela onda de choque da bomba, que o balançou moderadamente. Em seguida, todos viram "o gigante cogumelo de cor púrpura".
Paul Tibbets voltou-se então para a tripulação: "Rapazes, vocês acabam de liberar a primeira bomba atômica". Após retornar ao solo, o entusiasmo foi geral. Tibbets receberia, posteriormente, a medalha militar Distinguished Service Cross.
O presidente Truman teria dito à tripulação, depois do retorno aos Estados Unidos: "Não percam o sono por terem cumprido essa missão; a decisão foi minha, vocês não podiam escolher".
Promovido a general de brigada em 1959, Tibbets deixou o exército em 1966.
No 60º aniversário do bombardeio, há dois anos, os três tripulantes do Enola Gay que ainda estavam vivos, entre eles Tibbets, afirmaram que eles não tinham como "voltar atrás". "A utilização da bomba atômica ocorreu em um momento necessário na história. Não tínhamos como voltar atrás", disse Tibbets.
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