Uma Corte do Estado americano de Geórgia condenou a 10 anos de prisão um indivíduo de origem etíope por agressão e abuso contra a sua filha.
Khalid Adem, 30 anos, foi declarado culpado de ter praticado a ablação do clítoris da sua filha quando ela tinha dois anos com uma tesoura , pelo que estava acusado de ofensas agravadas e crueldade contra uma criança, crimes pelos quais incorria numa pena de 40 anos de prisão.
Segundo o grupo feminista dos direitos humanos Equality Now, com sede em Washington, que conseguiu a proibição por lei deste tipo de abuso na Geórgia, onde a prática não estava proibida antes do incidente, este é o primeiro caso de mutilação genital feminina registrado nos EUA.
Ao deixar a corte, a diretora-executiva desta organização, Taina Bien-Aimé, disse esperar que o episódio provoque a discussão sobre a "MGF (mutilação genital feminina) nos Estados Unidos (...) não acreditamos que isso seja um incidente isolado".
Adem foi submetido a julgamento durante uma semana no condado de Gwinnett (vizinho de Atlanta), diante de um júri integrado por sete mulheres e cinco homens, e negou, a todo momento, ter mutilado sua filha, afirmando que em seu país natal lhe ensinaram na escola que se trata de uma prática cruel.
A menina, agora com sete anos, testemunhou no tribunal, confirmando que seu pai foi o agressor, mas os advogados da defesa questionaram o fato de que ela pudesse se lembrar de algo que lhe aconteceu aos dois anos.
Já a mãe da garota, Fortunate Adem, disse durante o processo que se deu conta de que sua filha tinha sido mutilada somente em 2003, quando um médico examinou a criança, e depois de conversas com o pai, que sugeriu tê-la cortado.
A defesa alegou que foi a mãe quem mutilou a menina, alegando que era muito improvável que, tendo-a sob sua guarda, tanto tempo tenha se passado sem que ela se desse conta da mutilação.
Em seu depoimento, Fortunate também contou que vários médicos examinaram sua filha até se dar conta da mutilação e não encontraram nada de errado com a menina.
No mundo todo, mais de 100 milhões de mulheres já foram vítimas da prática, típica em 28 países africanos, em uma faixa que se estende pelo centro do continente, indo do Senegal, no oeste, até a Somália, no leste.
A mutilação genital é considerada ilegal em 16 estados americanos e é proibida para menores de 18 anos por lei federal desde 1997.
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