Este grave problema médico e social está a crescer exponencialmente mas não está a receber a atenção adequada
Estudos recentes indicam que os bebés com alguma forma de Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) constituirão tantos quantos um em cada 100 nascimentos, mostrando uma tendência marcadamente crescente e usando uma cifra muito conservadora. Quais são as causas? O Centro do Autismo está a organizar a XI Conferência Anual Internacional - Autismo. Desafios e Soluções - em Abu Dhabi, EAU (28 a 30 de Abril), que visa partilhar descobertas e resultados de investigações realizadas ao longo da última década.
Descrito como "um grave problema médico e social" pelo Centro do Autismo, este espectro de perturbações não recebe a atenção que merece em muitos países de todo o mundo, nas palavras do Centro, "a maioria dos países".
A conferência, fundada em Moscovo/Moscou, visa proporcionar uma plataforma de partilha de conhecimentos e resultados de investigação, mas também proporciona uma oportunidade de alcançar um público mais vasto e de "arrancar o autismo das sombras". Ao longo dos últimos dez anos, as conferências Autismo. Desafios e Soluções lançaram importantes iniciativas sobre a PEA, focando a conceptualização do autismo como um fenómeno do século XXI.
Este ano, investigadores, médicos e especialistas de todo o mundo irão reunir as suas últimas experiências e discutir métodos de tratamento da PEA, juntamente com seminários de formação que terão início a 27 de Abril. A conferência deste ano será também o local para apresentar os resultados de um projecto experimental único para a educação das crianças com PEA, que lançou um novo modelo para a educação inclusiva das crianças com necessidades cognitivas especiais.
As áreas temáticas serão
Epidemiologia do autismo
Aspectos sócio-económicos do autismo
Diagnosticar e classificar os "autismos”
Intervenção e terapia do autismo
Patogénese do autismo
Ciência comportamental e autismo
Perspectiva neurocientífica sobre o autismo
Educação das pessoas autistas
Workshops e seminários clínicos
Construir a comunidade
Números mais conservadores afirmam que os bebés com alguma forma de ASD constituem um em cada 150 nascimentos, outros tanto como um por cento (um em cada 100) da população mundial, portanto 80 milhões de pessoas. E estas estatísticas são conservadoras: em Nova Iorque/Nova Jersey, um estudo recente mostra que o número de casos aumentou de um em cada 150 nascimentos em 2000 para um em 54 hoje. Na Califórnia, um em 26 nascimentos tem PEA. E é uma tendência crescente. A partir do ano 2000, o número de casos mais do que duplicou em muitas nações industrializadas (um aumento de 241 por cento).
Porquê?
Porque o diagnóstico está a melhorar ou é mais prevalecente em certas regiões? Ou porque existe um, ou mais, factor(es) causador(es) de autismo? A hereditariedade (genética) costumava ser considerada a causa de 80 a 90% dos casos, mas estudos mais recentes colocam este número em 60%. Alguns dizem que o ambiente é um factor importante que contribui para o ASD. Coloca-se a questão, será uma causa a alimentação?
Os conceitos emergentes sugerem a influência da poluição atmosférica, deficiência de vitamina D, inflamação intestinal, exposição a produtos químicos tóxicos e infecções virais na infância como factores contribuintes, enquanto a influência das vacinas (nomeadamente a SPR em Portugal/SCR no Brasil) parece ter sido descartada pela comunidade médica.
Os rapazes têm quatro vezes mais probabilidades de serem diagnosticados com alguma forma de ASD do que as raparigas. A Dra. Stephanie Seneff, uma cientista investigadora do Massachusetts Institute of Technology (MIT) afirma que até 2025, metade das crianças nos EUA serão diagnosticadas com alguma forma de autismo. Actualmente, algumas regiões apresentam uma prevalência mais elevada do que outras, por exemplo a Califórnia (uma em 26 nascimentos) e a República da Coreia (Coreia do Sul), uma em 38.
40% das crianças com ASD são não-verbais, 44% têm uma capacidade intelectual superior à média e 31% têm alguma forma de deficiência intelectual.
A enorme disparidade nos casos relatados em diferentes países e regiões é um forte indicador da importância de aumentar a consciencialização e as técnicas de diagnóstico, e aqui reside a importância das Conferências Anuais Internacionais, Aurism. Desafios e Soluções.
Para o que parece emergir como uma questão global séria com consequências de longo alcance para o futuro, a importância da partilha de conhecimentos e experiências é fundamental.
Timothy Bancroft-Hinchey pode ser contactado em [email protected]
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