Está a decorrer esta manhã a posse admninistrativa de 35 casas do núcleo do Farol da Ilha da Culatra, no Algarve, por parte da Sociedade Polis Ria Formosa. A iniciativa é acompanhada do protesto dos moradores, que se dizem vítimas de injustiça.
Hoje é o primeiro dia da posse administrativa de 35 casas no núcleo do Farol da Ilha da Culatra. Os moradores estão em protesto e tentam impedir a iniciativa por parte da Sociedade Polis Ria Formosa, que prevê o início das demolições dentro de um mês.
Os donos das casas sinalizadas resistem à tomada administrativa e acusam o Governo e a Sociedade Polis de precipitação até porque, dizem, ainda estão a decorrer processos em tribunal. «Daqui não saímos» é uma das palavras de ordem gritada pelos moradores do Farol, que tentam barrar a passagem dos técnicos da Polis, e que amanhã voltam ao protesto.
De resto, a luta das populações tem vindo a travar os planos apresentados pela Sociedade Polis em Setembro último. Recorde-se que foram então enviadas cartas aos moradores das ilhas-barreira contendo apenas a informação de que as habitações «estão numa zona de risco» e que os moradores tinham até ao dia 26 de Outubro para retirar os seus pertences.
O presidente da Associação da Ilha do Farol de Santa Maria, Feliciano Júlio, afirmava na altura que não há casas em risco nesta ilha e que se «está a cometer um crime».
A par do Farol, também o núcleo dos Hangares, em Olhão, tem 22 casas sinalizadas para demolição. A tomada de posse administrativa destas está marcada para 2 de Março.
«Não às demolições, sim à requalificação»
No passado dia 16, foi aprovada na Câmara de Faro uma moção proposta pelo eleito da CDU contra as demolições e a favor da requalificação. No documento exige-se o reconhecimento do «valor social, económico, histórico e cultural» dos núcleos urbanos das ilhas-barreira da Ria Formosa, bem como o fim das demolições.
A iniciativa aprovada por maioria, com os votos a favor do vereador da CDU e dos vereadores da Coligação Juntos por Faro, e o voto contra dos vereadores do PS, tinha como objectivo tomar uma posição contra a decisão do Governo de retomar as demolições e manifestar solidariedade e apoio às comunidades locais.
O documento critica o Executivo mas também o novo Conselho de Administração da Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, que, em vez de «procederem à requalificação de todos os núcleos urbanos e dos espaços balneares das ilhas-barreira da Ria Formosa e também à requalificação do seu sistema lagunar, anunciaram que darão início no próximo dia 22 de Fevereiro à tomada de posse administrativa de casas dos núcleos urbanos dos Hangares e do Farol, fazendo regressar assim, para as populações atingidas, o pesadelo das demolições».
Na moção exige-se ainda que o Governo oriente a Sociedade Polis Litoral Ria Formosa para um rumo diferente de actuação, no quadro do reconhecimento do valor social, económico, histórico e cultural dos núcleos urbanos das ilhas-barreira, e ponha fim ao processo de demolição de habitações.
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