Mais de 80 organizações se opõem aos planos da aviação para Mudanças Climáticas

Mais de 80 organizações se opõem aos planos da aviação para Mudanças Climáticas

"Os planos da indústria da aviação para "crescimento do carbono neutro" são distrações para a urgente necessidade da  redução de emissões" afirma Hannah Mowat , da FERN (Bruxelas-Bélgica)

Por Amyra El Khalili - Aliança RECOs

Esta semana, em Utrecht, na Holanda e na Cidade do México, países membros da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAOs) discutem formas de "descolamento" das emissões de carbono do transporte aéreo quando mais de 80 organizações (Ongs, associações, redes e movimentos) de cinco continentes estão exigindo que o setor adote um plano sério para reduzir as emissões da aviação.

Na assembleia a ser realizada em setembro de 2016, a ICAOs pretende avançar com a estratégia de   "crescimento do carbono neutro" para 2020 através de mecanismos de mercado global (GMBM).

Para Hannah Mowat, da FERN (Bruxelas-Bélgica),  Ong líder do movimento, "os planos da indústria da aviação para "crescimento do carbono neutro" são distrações para a urgente necessidade da redução de emissões .   As mais de 80 Organizações signatárias da "Declaração da Sociedade Civil Internacional" denunciam que tal proposta além de  desviar a atenção de medidas efetivas para redução das emissões, também provocará consequências graves sobre os direitos dos povos das florestas e diversas comunidades.

Os setores de aviação e de navegação marítima são os dois únicos do mundo que não estabeleceram metas para redução de emissões.   A aviação poderá aumentar as emissões de 300 a 700 por cento até 2050, apesar de ser utilizada por apenas 3 a 7 por cento da população mundial, sendo que, parte das populações pobres de todo o mundo somente puderam conhecer o poder destrutivo da aviação com caças jogando bombas sobre suas cabeças, como ocorre no Oriente Médio, sem jamais terem posto os pés em um aeroporto.

Pressionados pelo Acordo de Paris (COP21) os setores da aviação e da navegação devem adotar medidas para produção de motores mais eficientes e biocombustíveis ou, como pretendem,  compensar suas emissões (carbono neutro) comprando créditos de projetos de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação).  E mesmo tendo aviões mais eficientes, terão que eliminar 7,8 bilhões de toneladas de carbono por ano até 2040, pois é o setor que mais cresce.

Enquanto isso, em uma reunião no final deste mês, a Organização Marítima Internacional (IMO) terá que adotar limites, caso contrário, poderá também aumentar suas emissões em 250 por cento até 2050. Uma coalizão de proprietários de navegação e usuários que inclui a gigante de navegação dinamarquesa Maersk,  participarão da reunião para exigir que este setor assuma responsabilidades por suas emissões com melhorias nas técnicas de transporte.

No entanto, há questões técnico-científicas que comprovam a ineficácia da compensação de emissões e REDD+, uma vez que florestas e terras (solo) podem deslocar emissões quando queimadas ou cortadas liberando o dióxido de carbono na atmosfera.  Como esperado, os créditos de compensação de interesse são REDD+ por serem baratos e abundantes, podendo ocorrer dupla contagem, já que governos contabilizarão os reflorestamentos em seus compromissos assumidos no acordo de Paris (COP21). 

Os riscos dos "ativos ambientais"

Outra questão importante e complexa: quando lançados os créditos no mercado de derivativos (derivado de ativos), a contagem  pode disparar (multiplicar), considerando que não há uma equação financeira que promova redução de ativo/commodities nos títulos em livres negociações nos mercados futuros, tampouco controle e regulamentação sobre as operações executadas em Bolsa de Valores e de Commodities. Em 2014 a INTERPOL (polícia internacional) publicou uma cartilha alertando investidores sobre os riscos de fraudes nos mercados de carbono. O site REDD MONITOR  registra semanalmente diversos casos e insolvências de corretoras por parte dos órgãos reguladores com investidores enganados, acreditando que estão salvando as florestas tropicais e combatendo mudanças climáticas.

Nesse aspecto, a "Declaração da Sociedade Civil Internacional" aborda detalhes controvertidos de como esse princípio está sendo ignorado para justificar a metodologia da compensação de emissões com investimentos em polêmicos negócios de REDD+ tão amplamente defendido por um restrito grupo de beneficiários consultores e Ongs conservacionistas estadunidenses.

A "Declaração da Sociedade Civil Internacional"

80+ NGOs say offsetting not solution 

+80 Organizações signatárias: 11.11.11, Belgium • Abibimman Foundation, Ghana • Accion Ecologica •African Youth International, Development organisation • AMAF-BENIN • Aliança RECOs - Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras, Brazil • Amis de la Terre, France • Amigos da Terra, Brazil •Alternatives Durables pour le Développement, Cameroon • Attac Austria • Attac France • ARA, Germany •APED, Cameroon • Asia Pacific Forum on Women, Law and Development, Asia-Pacific • Asian Peoples' Movement on Debt and Development, Philippines • Avenir Climatique, France • Bharat Jan Vigyan Jatha & India Climate Justice • Both ENDS, Netherlands • Brot für die Welt, Germany • Bruno Manser Fonds, Switzerland •CADTM International • CarbonMarket Watch, Belgium • Carfree.com • CECD • Censat Agua Viva-Amigos de la Tierra Colombia • Ciel voilé, France • Climate Express, Belgium • Colectivo Ts'unel Bej, Mexico • Counter Balance, Czech Republic • COECOCEIBA, Costa Rica • Corporate Europe Observatory, Belgium • CRAD, Central African Republic • denkhausbremen, Germany • Digo Bikas Institute, Nepal • DKA Austria • Ecologistas en Acción, Spain • Environmental Rights Action/Friends of the Earth Nigeria • European Institute for Sustainable Transport, Germany • FAJOID, Cameroon • Fairwatch, Italy • Fern, Belgium • Finance & Trade Watch, Austria• Focus on the Global South Thailand, Philippines, India • Food & Water Europe, Belgium • Food & Water Watch, USA • Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social-Brasil • Forum Ökologie & Papier, Germany •Friends of the Earth Malaysia • Friends of the Earth Norway • Friends of the Earth Scotland • Friends of the Earth-US • Friends of the Earth International • Fundación Solon, Bolivia • GAIA - Global Alliance for Incinerator Alternatives, UK • Global Forest Coalition • Grassroots Global Justice Alliance, U • Green Development Advocates, Congo Basin • Green Budget Germany • Greenpeace • Grupo Carta de Belém • Health of Mother Earth Foundation (HOMEF), Nigeria • Indigenous Environmental Network • Institute for Policy Studies - Climate Policy Program • Leave it in the Ground Initiative • Movimento Mulheres pela P@Z!, Brazil • New York Climate Action Group, US • Pro REGENWALD, Germany • Re:Common, Italy • Rettet den Regenwald e.V., Germany •REDD:Monitor • Robin Wood, Germany • Salva la Selva, Spain • Society of akumals vital ecology • SONIA for a Just New World, Italy • TaCa, France • Terra, Italy • Third World Network • TierrActiva Peru • Timberwatch Coalition, South Africa • Transport and Environment • Werkgroep Toekomst Luchtvaart, Netherlands • Woodland League, Ireland • World Rainforest Movement

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey