Um estudo inédito envolvendo 72 mil adolescentes com idades entre 13 e 15 anos revelará indicadores de saúde dos estudantes de escolas públicas e privadas de todo o Brasil. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) fornecerá informações sobre o ambiente escolar e o comportamento dos alunos. Os alunos também serão medidos e pesados, o que permitirá traçar um perfil biométrico dos estudantes. A coleta de dados começa no próximo dia 23 de março e vai até junho, nas 27 capitais.
A iniciativa é uma parceria entre os Ministérios da Saúde e da Educação e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Participam do levantamento estudantes do 9º ano do Ensino Médio (antiga 8ª série) de duas mil unidades de ensino. O critério de escolha das escolas foi aleatório, envolvendo alunos dos três turnos de ensino (manhã, tarde e noite). Os dados individuais coletados (nomes dos alunos e das unidades de ensino) pelo IBGE para elaboração da pesquisa serão utilizados exclusivamente para fins estatísticos e não serão divulgados.
De acordo com Deborah Malta, coordenadora geral de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, os adolescentes encontram-se em fase de transição, saindo da infância, e podem estar expostos a inúmeros fatores de risco que podem ter impacto na vida adulta. Entre esses fatores estão fumo, álcool e outras drogas, maus hábitos alimentares, sedentarismo e violência.
Esses fatores de risco estão associados ao desenvolvimento da maioria das doenças crônicas não-transmissíveis, como as cardiovasculares, que lideram as causas de óbito na vida adulta no país e no mundo. Em 2005, quase 284 mil pessoas morreram em decorrência de doenças do aparelho circulatório no Brasil. É importante monitorar essa população porque, com base nos resultados, poderemos propor políticas públicas integradas, reduzindo possíveis danos no futuro, diz Deborah Malta.
AMBIENTE E COMPORTAMENTO O estudo também avaliará determinadas condições do ambiente escolar, como a ocorrência de atos de vandalismo, depredação do patrimônio, existência de cantina, presença de instalações e equipamentos esportivos e problemas de violência na vizinhança.
Outro ponto que o inquérito investigará é a ocorrência, entre os alunos, do chamado bulling termo em inglês que pode ser traduzido por humilhação. Serão avaliados aspectos como xingamentos, constrangimento e agressão física e verbal, entre alunos. Este tema vem crescendo em importância nas escolas, mas ainda não existem pesquisas nacionais que apontem a extensão deste problema, comenta Deborah Malta.
METODOLOGIA E RESULTADOS Os alunos que quiserem participar da pesquisa responderão um questionário de 104 itens. A expectativa é que eles levem aproximadamente 20 minutos para responderem às perguntas. As respostas serão marcadas diretamente em palmtops, aparelhos semelhantes a uma agenda eletrônica, o que agilizará a reunião dos dados e a análise dos resultados.
No começo de março, funcionários do IBGE treinaram os 54 técnicos (dois por capital) que irão coordenar o trabalho de campo. Ao todo, 400 pessoas, divididas em 100 equipes, farão a coleta de dados. O número de equipes varia de três a cinco por unidade da federação. Os dados deverão ser conhecidos entre dezembro de 2009 e início de 2010.
O projeto piloto da pesquisa foi desenvolvido entre outubro e novembro de 2008, em Recife, Belém, Rio de Janeiro e Luziânia (GO). Mais de 200 alunos, nas quatro cidades, testaram os equipamentos de coleta de dados. O projeto da pesquisa foi aprovado na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, ligada ao Conselho Nacional de Saúde.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
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