Cirurgia pode ser aplicada na restauração de queimaduras químicas e nas cicatrizes da superfície ocular causadas por algumas doenças.
Na linha de produção uma substância química atinge os olhos do trabalhador que tem grande chance de ficar cego depois do acidente. Estudos do CBO (Conselho Brasileio de Oftalmologia) demonstram que as queimaduras representam de 7% a 10% dos acidentes oculares no Brasil.
Até pouco tempo estas lesões levavam à cegueira, mas já podem ser corrigidas com implante de célula-tronco retirada da membrana amniótica, parte interna da placenta. Este foi o caso de Jadnei Cássio Ré que sofreu uma queimadura ocular e teve a visão recuperada pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto. A cirurgia, explica, permite recuperar até 70% dos casos de queimaduras oculares, inclusive as decorrentes do contato com produtos alcalinos como soda caustica, cal e amônia que prevalecem nos acidentes industriais mais freqüentes entre homens na faixa etária de 20 a 40 anos .
De acordo com Queiroz Neto a recuperação da visão é possível porque as células da membrana amniótica conseguem se diferenciar e construir os tecidos da superfície dos olhos, além de terem propriedade antiinflamatória e cicatrizante. Ele destaca que pesquisas feitas por cientistas de Taiwan demonstram que amembrana amniótica não é capaz de refazer todos os 216 tecidos do corpo humano, mas tem habilidade de se diferenciar em diversos tipos de células.
Na oftalmologia, comenta, a técnica também é usada na reconstrução de pálpebras, para eliminar inflamação pós-cirúrgica de pterígio e tumores, no tratamento de ceratoconjuntivite, penfigóide (doença auto-imune que ataca a mucosa dos olhos) e nos casos de uma alergia ocular conhecida como Stevens-Johnson que pode causar cicatrizes na córnea.
O especialista explica que as queimaduras oculares podem opacificar siultaneamente a córnea e o limbo (membrana situada entre a córnea e a esclera - parte branca do olho). Dependendo do grau de destruição da superfície ocular, afirma, só o implante de membrana amniótica é suficiente.
Quando a córnea não está em processo ativo de necrose é associado o transplante de limbo que pode ser retirado do próprio paciente nos casos de acidentes monoculares ou vir de um doador se os dois olhos forem atingidos. A cirurgia consiste em retirar a parte danificada do limbo, implantar o limbo sadio e depois a membrana amniótica que tem a função de suportar a germinação das células limbares. Nos casos em que a córnea perde a transparência a cirurgia começa com o transplante da córnea para depois ser implantado o limbo e a membrana amniótica O pós-operatório exige avaliação médica semanal nos dois primeiros meses e depois quinzenalmente até o sexto mês.
Queiroz Neto destaca que o sucesso da cirurgia se restringe a 7 em cada 10 casos porque as substâncias alcalinas têm penetração muito rápida nos olhos e podem causar danos muito profundos na estrutura ocular. Por isso, afirma, o ideal é usar óculos de proteção que evitam 90% dos acidentes oculares.
Fonte : Eutrópia Turazzi LDC Comunicação
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter