Por que a OTAN não leva a sério a abordagem da Rússia sobre um novo pacto de segurança na Europa? Porque termos como a liberdade, democracia, estabilidade e prosperidade badalados pela organização não são mais que uma capa que esconde a realidade: a OTAN não é mais nem menos do que um instrumento que serve os interesses do lobby das armas.
Abordagens da Rússia para um tratado bilateral de segurança, o que, inevitavelmente, passaria por um sério e duradouro acordo bilateral vinculativo de amizade e não agressão, não serão aceites pela OTAN por uma única razão: a OTAN não tem a ver com segurança coletiva e não tem sido desde a dissolução do Pacto de Varsóvia em 1 de julho de 1991.
No mês passado, Andres Fogh Rasmussen, o não-eleito secretário-geral dinamarquês do não-eleito da OTAN (que no entanto ainda dita a política externa dos seus Estados membros), declarou: "Não pode haver nenhuma dúvida de que a OTAN vai continuar a ser nosso quadro de segurança euro-atlântica". Em suma, não há espaço para acordos coletivos com a Rússia, porque a OTAN continua a centrar a sua atenção no espaço Europa ocidental-Atlântico, palco da Guerra Fria.
OTAN nada mudou. É um anacronismo. OTAN proporciona empregos para os lacaios, jobs for the bóis. OTAN serve os interesses do lobby de armas, que gravita em torno do Pentágono e que tem seus tentáculos no fundo da política externa dos EUA. A OTAN é uma pedra no pescoço dos contribuintes, não só dos Estados Unidos da América, mas também dos seus Estados membros. Quem, afinal, financia suas operações? Apenas no Afeganistão e no Iraque, as operações dos países da OTAN custaram quase um trilião de dólares (mil bilhões, um milhão de milhões ou 1.000.000.000.000). Quantos hospitais e escolas poderia esta quantia financiar?
A OTAN tinha, sim, hipótese de se reinventar, incluindo a Rússia como parceira respeitando as suas promessas ao longo dos anos para não se expandir (ainda que a palavra da OTAN não significa nada), na luta contra o terrorismo internacional, a luta contra a pirataria e contra a criminalidade internacional, incluindo o tráfico de drogas, seres humanos e armas, em fim, lutar contra o que existe, em vez de inventar fantasmas para justificar a auto-perpetuação do anacronismo.
No entanto, enquanto a OTAN gosta de falar dessas áreas, mantém a sua postura euro-atlântica, congelando a Rússia para fora, não dando atenção aos interesses da Rússia e todo o tempo apontando para uma expansão na Europa Oriental e Central, onde há abundância de clientes para comprar armamento
a crédito. E por que a OTAN deve reinventar-se quando tudo o que é hoje é instrumento para implementar as políticas do lobby das armas?
A e stratégia da OTAN é clara na quebra de uma promessa sua dada à Rússia em 1998, de não estacionar "forças de combate substanciais" em território anteriormente pertencente ao Pacto de Varsóvia. Por que então se expandiu? Quem pode dar uma única razão para a expansão militar no território em que a Organização prometeu não entrar?
E o que está fazendo a OTAN no Afeganistão? Hoje, o Afeganistão produz o dobro de heroína do que produzia o mundo inteiro no ano 2000 antes da invasão militar
da OTAN, contra os talibãs. Dado que o cultivo da papoila do ópio financia os Talebã e Al-Qaeda, o quê é que a OTAN está fazendo? Nos últimos anos, em vez de diminuir, a produção de heroína no Afeganistão não tem crescido duas vezes. Nem três vezes, nem dez vezes, nem mesmo por vinte vezes. Hoje, a produção de heroína proveniente do Afeganistão é 40 vezes maior do que era em 2000.
Em 2009, a heroína produzida no Afeganistão matou mais de 90,000 pessoas em todo o mundo. Todo mundo sabe que a OTAN paga os Taliban para não atacar, assim será que a prioridade é deixá-los produzir heroína de modo que eles podem pagar, para manter as perdas da OTAN mais baixas?
Nesse caso, o que é a OTAN?
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter