O exercício militar das marinhas de Rússia e Venezuela atraiu muita atenção da mídia internacional no Ocidente. A maioria dos jornais respeitáveis do Ocidente escreveu a respeito do evento com escárnio, afirmando que o exercício não poderia representar ameaça para os Estados Unidos. Outras publicações traçaram um paralelo com a Guerra Fria e a crise do Caribe de 1962. 'Os russos voltam ao Hemisfério Ocidental', 'Moscou desafia o Ocidente' foram manchetes típicas a respeito do exercício naval conjunto.
A especialista Johanna Mendelson Forman disse que o exercício não representou perigo nenhum para a segurança dos Estados Unidos. Muitos jornais alemães partilham da mesma opinião. O Handelsblatt, da Alemanha, por exemplo, publicou a declaração do Presidente venezuelano Hugo Chavez segundo a qual o exercício não visou a provocar ou intimidadr ninguém. Ele também disse que a Venezuela não se tornaria uma nova base de guerra fria no Mar do Caribe.
Jornalistas britânicos acreditam que o exercício foi feito como resposta às políticas de Washington na Geórgia. Eles também lembraram que Caracas costumava fazer tais manobras com os Estados Unidos, antes.
O The Times, da Grã-Bretanha, escreveu que a primeira visita jamais feita por um líder russo à Venezuela e o início de um exercício conjunto não eram mera coincidência. Le Temps, da Suíça, escreveu que aquele foi o aspecto mais contraditório do circuito de Medvedev pela América Latina.
Em suma: a mídia ocidental acredita que Moscou e Caracas tentam desafiar a influência dos Estados Unidos. Muitos jornais escreveram que a marinha russa chegou ao Mar do Caribe com o objetivo de exibir o poderio militar russo aos Estados Unidos e advertir a administração dos Estados Unidos contra ações impensadas no tocante a Geórgia, Ucrânia e defesa contra mísseis na Europa Oriental. Ela acredita que o urso russo está usando Chavez para levar Washington a entender que, caso contrário, poderá adentrar seu quintal.
A maioria dos especialistas acredita que Washington deveria estar mais preocupada com a cooperação nuclear e econômica entre Moscou e a região rica em petróleo .
O Washington Post escreveu que a Venezuela não era perigosa para os Estados Unidos. Entretanto, Chavez, escreveu o jornal, poderá tornar-se o maior problema para Obama na região, com sua cruzada contra a influência dos Estados Unidos e o apoio da Rússia nos bastidores.
O Christian Science Monitor escreveu que muitos venezuelanos opõem-se à crescente presença da Rússia na região, pois asseveram que seu país poderá tornar-se um proscrito ainda maior do que antes, em decorrência de tal cooperação com Moscou.
Publicações dos Estados Unidos acreditam que os Estados Unidos não podem continuar o isolamento de Chavez ignorando a Rússia. Elas acreditam que se torna imprescindível Obama dar sua própria resposta em relação ao assunto: melhorar as relações com a Rússia e recuperar a influência dos Estados Unidos na região latino-americana. Um especialista da Reuters escreveu que a Venezuela tornou-se boa oportunidade para a Rússia acertar Washington em cheio.
Moscou não estava prestando muita atenção a Hugo Chavez a despeito do fato de a Venezuela ter assinado diversos acordos de biliões de dólares para comprar armamentos russos. Entretanto, Moscou mudou de atitude relativamente à Venezuela depois do recente conflito militar na Ossétia do Sul.
O Weekly Standard escreveu que o exercício naval foi simplesmente um evento não repetitivo feito com o objetivo simbólico de arreliar os Estados Unidos. Passar-se-ão anos, escreveu o jornal, antes que a Rússia possa realizar esses eventos de maneira regular. Um exercício militar como esse é um empreendimento muito dispendioso, enquanto a Rússia tem problemas demais internamente para lidar no tocante a sua indústria de defesa.
O Los Angeles Times fez troça, abertamente, dos esforços da Rússia no Mar do Caribe. O jornal escreveu que a Marinha Russa estava criando uma ameaça para seus próprios membros. A publicação referiu-se à declaração do Comandante da Marinha Russa o qual disse, em 2004, que o cruzador Pyotr Veliki (Pedro o Grande), que tomou parte no exercício naval conjunto, estava em péssimas condições e poderia explodir a qualquer momento.
George Friedman, da Stratfor, acredita que os Estados Unidos estavam olhando para a Rússia através do prisma dos anos 1900, quando a indústria de defesa russa estava arruinada e o estado inteiro estava paralisado em decorrência do colapso político e econômico. É digno de nota que o cruzador nuclear Pyotr Veliki foi lançado há apenas dez anos e portanto operará normalmente por mais uma década.
O Corriere Della Sera, da Itália, escreveu que os russos precisam trabalhar muito para remover a lacuna entre a marinha nacional e as estrangeiras. Quando Moscou mandou seus navios de guerra à Venezuela, muitos especialistas estrangeiros ficaram em dúvida sobre se eles conseguiriam chegar a seu destino.
Na verdade, o Ocidente é perfeitamente conhecedor do deplorável estado da marinha russa - eis porque é difícil para a Rússia impressionar o Ocidente no mar.
Sergei Balmasov
Tradução Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
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