Após as declarações do chefe do EstadoMaior das Forças Armadas russas, Yuri Baluetvsky, sobre a possibilidade de Moscou abandonar o tratado de eliminação de mísseis nucleares de médio e curto alcance (INF) assinado em 1987 por URSS e EUA, o outro alto oficial , o comandante das Forças Estratégicas russas , general Nikolai Solovtsov, declarou ontem que a indústria bélica da Rússia é forte o suficiente para produzir novas gerações de mísseis, capazes de burlar o escudo norte-americano a ser instalado na Polónia e República Checa. Hoje os jornais checos sairam com manchetes : Rússia nos ameaça com mísseis.
Entretanto quem ameaça são os EUA com seu plano de instalar parte do Sistema de Defesa Antimísseis no Leste Europeu , particularmente na República Checa e Polónia. Com um radar instalado no território checo os EUA recebrão a possibilidade de monitorar o territorio da Rússia até os Urais.
"Até agora não vimos nada sendo feito, só intenções sobre as quais se conversam", disse Solovtsov em entrevista coletiva na segunda-feira.
"Mas se os governos polonês e checo decidirem (receber o escudo antimísseis), as forças (russas) de mísseis estratégicos serão capazes de ter essas instalações sob sua mira, caso uma decisão política relevante seja tomada", acrescentou.
No começo da década de 1990, a Rússia anunciou que os mísseis herdados da União Soviética não estavam mais voltados contra os países da Otan, um gesto simbólico que foi um dos marcos do fim da Guerra Fria.
Mas as relações entre Moscou e Washington voltaram a azedar por causa da expansão da Otan em direção ao leste e do escudo antimísseis dos EUA.
A Rússia desconfia do argumento norte-americano de que o escudo serve contra ameaças nucleares de países como Irã e Coréia do Norte. Se os EUA tivessem tal intenção instalariam o seu escudo na Turquia, perto das fronteiras do Irão, ou nas ilhas Havaianas , porque disparar mísseis do território norte-coreano contra os EUA através do territórrio russo é um absurdo.
Solovtsov disse que, graças aos investimentos feitos no governo Putin, a recuperada indústria bélica da Rússia é forte o suficiente para produzir novas gerações de mísseis, capazes de burlar o escudo norte-americano. "Os produtores de mísseis --ou seja, cerca de 500 empresas-- serão capazes de cumprir qualquer tarefa nos próximos anos," afirmou.
De acordo com o general, as fábricas devem produzir dentro de cinco ou seis anos um novo míssil supersônico "invisível" para o escudo norte-americano. Também é possível que seja retomada a produção de vários mísseis, caso Moscou decida abandonar o pacto firmado em 1987 com Washington para proibi-los.
"A Rússia está preparada para qualquer cenário agora", disse ele, reiterando várias vezes durante a entrevista que os militares só seguiriam decisões tomadas por políticos.
Solovtsov rejeitou sugestões de que a polêmica sobre os mísseis dos EUA na Europa poderia levar ao reinício de uma custosa corrida armamentista.
"Durante a Guerra Fria competimos aumentando o número de mísseis e plataformas de lançamento", disse o general. "Não acho que iremos de novo por esse caminho. Podemos resolver a tarefa por meio de armas de qualidade, ao invés de pela quantidade."
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