Os vinhos da França, Itália, Portugal e de outros paises desaparecem das prateleiras de bebidas alcoólicas em lojas e supermercados na Rússia. Assim como os uísques da Escócia e Irlanda, os gins da Inglaterra e as tequilas do México. Alguns restaurantes já nem sugerem um vinho e outros autorizam os clientes a trazerem as suas próprias garrafas.
O motivo não é compras de pânico, embora isso fosse razoável. A situação resulta em primeiro lugar, de um embargo decretado contra a entrada de álcool de origem georgiana e moldava, com o fim de travar a contrafacção de bebidas. E em segundo lugar uma nova lei de imposto federal que fez as garrafas fugirem das prateleiras de maneira que ninguém pretendia.
A nova lei para regulamenta a produção e venda de produtos com álcool (incluindo medicamentos e perfumaria) impondo que todos os produtos com incorporação de álcool deveriam ser devidamente etiquetados antes de 1 de Julho.
Porém, além de se produzirem vinhetas insuficientes para a etiquetagem, o novo sistema informático (Egais) não está a conseguir ler toda a informação constante dos códigos de barras dos selos exigidos nas embalagens.
E a lei exige um valor de milhares de dólares de equipamento de computação e softwares que têm que ser instalados e certificados por especialistas de uma empresa chamada Atlas, a qual é afiliada ao Serviço Federal de Segurança, o sucessor da KGB.
A lei, aprovada ano passado, assinada pelo presidente Vladimir V. Putin na véspera do Ano Novo e uma vez já atrasada, tem perturbado o fomentado comércio de vinhos importados e outras substâncias alcoólicas que, na era soviética, a maioria das pessoas só podia sonhar em comprar. Em 2005, importações totalizaram US$1.2 bilhões, mais do dobro da quantidade dos dois anos anteriores, segundo estatísticas federais.
A lei tinha a intenção de trazer ordem a um mercado que tem sido orientado ao contrabando e à falsificação da atual estampa, mesmo de algumas das melhores marcas.
A nova estampa, impressa com materiais especiais e detalhes para cada garrafa, deveria conseguir barrar esses atos, embora não sem significantes interrupções de importações que Vadim I. Drobiz, um porta-voz de uma união de vinho, e outros dizem que pode durar o ano ou até mesmo adentrar em 2007, enquanto custa ao mercado e ao governo milhões em perdas de receitas.
Drobiz previu que pelo menos metade das distribuidoras de álcool do país seria forçada para fora do negócio. Muitas, disse ele, já foram aleijadas por dívidas, porque o banimento sobre os vinhos da Geórgia e da Moldávia as deixou com mercadorias não vendáveis. Como resultado, elas não podem facilmente pegar mais emprestado para re-preencher as prateleiras vazias com outros importados.
Somente 70 das 126 importadoras licenciadas conseguiram adquirir novos equipamentos e softwares necessários, relatou o jornal Vedomosti. Muitos exportadores estrangeiros também têm sido cautelosos em enviar novos carregamentos até que a bagunça possa ser ordenada, aumentando os déficits.
Irina Sazonova, uma porta-voz para o Serviço Federal de Alfândega, defendeu a implementação da lei. Não há problemas, disse ela. As estampas são emitidas para cada importador que pedir por elas.
Ao mesmo tempo, ela disse que, como na semana passada, menos da metade dos pedidos por estampas para 162 milhões de garrafas haviam sido concedidos, pois os pedidos demoram até um mês para serem processados. Somente 1.8 milhões de garrafas de bebidas estrangeiras com as novas estampas foram embarcadas até agora, uma quantidade que Drobiz disse ser apenas 5 por cento do mercado.
E o efeito já é evidente. Loja após loja visitada esta semana continha apenas poucas das garrafas com as novas estampas, a maioria spirits, não vinho. Alguns fizeram um esforço fútil de preencherem as prateleiras, que frequentemente estariam repletas de vinhos e uísques, com outros produtos, frequentemente vodka, cerveja ou vinho encaixotado russo.
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