Apresentada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ como trabalho de fim de curso pelo jovem Igor de Vetyemy, de 25 anos, a idéia do centro de estudos, comércio, entretenimento, memória e medicina ligados ao sexo ganhou nota dez da banca examinadora. Fora do ambiente acadêmico, porém, a Cidade do Sexo é motivo de polêmica.
A controvérsia é maior no que se refere ao Centro de Entretenimento, o setor que seria dedicado à prática do sexo. Pela proposta de Vetyemy, o espaço reuniria boates, motéis e casas de swing, hoje espalhados e escondidos pela cidade. Os freqüentadores ainda teriam a opção de usufruir, por alguns trocados, das cápsulas com estrutura de espuma adaptadas para a prática de posições do Kama Sutra, o tratado sexual indiano.
Entre os que reprovam o projeto está a presidente da ONG Davida, de assistência a prostitutas, Gabriela Leite. E não é por falso moralismo. - Qualquer idéia de se confinar as práticas sexuais e o que for relacionado ao sexo num único lugar é totalmente retrógrado - argumenta Gabriela.
Já o professor de Ciências Políticas da UFRJ, arquiteto e sociólogo Manuel Sanches diz que a Cidade do Sexo serviria para liquidar com a hipocrisia moralista. E que o projeto, só pelo aspecto arquitetônico, já merece aplausos. - A proposta é uma demonstração de que a arquitetura brasileira contemporânea é herdeira do prestígio que temos desde que Niemeyer fez o projeto da Pampulha. Um projeto surpreendente, inovador no uso de materiais, na proposta de processos construtivos e, sobretudo, na estética - diz.
O arquiteto Miguel Pinto Guimarães vai além. Segundo ele, a Cidade do Sexo, assim como a Cidade da Música - em construção na Barra da Tijuca - é uma chance de se criar no Rio uma nova obra arquitetônica contemporânea de apelo internacional. Guimarães também elogia a polêmica criada pelo projeto: - Um grande trunfo da Cidade do Sexo é gerar debate, fazer pensar a cidade, suas tribos e vocações.
Debate, aliás, que a cada dia envolve mais gente. Como a atriz Sonia Braga: - A cidade só tem a ganhar, pois mostrará ao mundo que o Rio é uma cidade de personalidade liberal, que encara o sexo de forma natural.
Segundo "O Regional"
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