"Voltando à vaca fria" (VI)

"Voltando à vaca fria" (VI)

Há expressões que com o tempo se esquecem, mas que muito a propósito foram inventadas. A de "Inspectores do Cacimbo" tiveram o seu tempo quando Angola, nas épocas de chuva as sua estradas se encontravam enlameadas

                                         Inspectores do cacimbo...

                                                                           Quantas vezes mais? ...

Inspector do cacimbo: expressão utilizada para designar a pessoa que, sob a capa de uma função ou título importante, pouco ou nada faz.

Há expressões que com o tempo se esquecem, mas que muito a propósito foram inventadas. A de "Inspectores do Cacimbo" tiveram o seu tempo quando Angola, nas épocas de chuva as sua estradas se encontravam enlameadas e até pantanosas dificultando as deslocações para o interior. Daí que os referidos "inspectores" só se deslocavam, quando as condições climatéricas fossem mais agradáveis.

Mas quem eram, os inspectores de cacimbo? Com cunhas e amizades arranjavam-se no circulo do poder económico/politico central, uma boleia para ir a Angola, investigar, ou verificar qualquer coisa que justificasse a viagem, as despesas que faziam e, o relatório que rascunhavam e que ninguém naturalmente deveria ler.

Bem recebidos pelos, governadores e demais autoridades, e população autóctone, visitavam: fazendas, fábricas, cidades, vilas e aldeias. Quanto interesse fingido com o "olho" nas prendas oferecidas pelos da casa. Não omitindo que em algumas áreas, Angola estivesse mais desenvolvida com o que se alcunhava de "metrópole", os tais "inspectores" achavam-se sempre, no direito de amesquinhar este ou aquele projecto, sugerindo mudanças e dando opiniões, mesmo não percebendo nada da matéria ou da conjuntura local.

 Aconselhando aqui e ali, regressavam à tal "metrópole" com o sentimento do dever cumprido. Tinham contribuído com o seu trabalho e aconselhamento para o desenvolvimento daquele território. E mais: graças a essa viagem, passavam a ser especialistas em política colonial.

É pensando na inutilidade dos então "inspectores de cacimbo" que pergunto se não estamos há algum tempo a ser invadidos por exemplares parecidos ou idênticos àquela figura insolente e ostensiva, personificada nos "missionários políticos, sindicais e de outras especialidades" que têm aparecido por aí com promessas mentirosas, os primeiros e, com soluções e ou exigências prepotentes os outros.

Quantas vezes mais, vamos estar dependentes da interferência e de promessas repetidas feitas pela ministra da justiça, do ministro da administração interna de Portugal, da presunção da ministra do mar, dos ministros da defesa, do ambiente e o dos negócios estrangeiros. Da solidariedade fingida e interesseira quer do presidente da República quer do chefe do executivo português quanto às RUP.

Não nos esqueçamos de que "com papas e bolos se enganam os tolos" e de tolos nada têm os açorianos.

O 25 de Abril dito "Dia da Liberdade" ainda não chegou no pleno a estas bandas. O que falta?

Deixo para a próxima oportunidade uma achega para a questão.

José Ventura

PS. Notar que todos os ministros mencionados estão directamente envolvidos em questões do maior interesse para os Açores.

"Todo tipo de absoluto indica patologia"

Friedrich Nietzsche

 

(Por decisão pessoal o autor não respeita o acordo ortográfico)

 

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