Nosso voto contra a corrupção

Se a justiça ainda não estabeleceu o Ficha Limpa, nós, com a força e a consciência cívica do voto, a faremos. De deputados mensaleiros, sacoleiros de votos; a sanguessugas do nosso dinheiro, lembraremos de todos. Muitos não estão atrás de mandato, mas de imunidade parlamentar. São os nossos corruptos de todo dia. Não compram votos, mas a segurança de que podem roubar, prevaricar, que nada, nada lhes acontecerá.

Dos nomes e números lembraremos por inteiros, pois eles estão com seus rostos marcados na grande parede das frustrações humanas. O brasileiro não elegerá mais os párias da pátria, os piratas de gravatas, os bandidos que só os são por que teve o nosso voto de confiança. E o que eles fizeram com ele? Jogaram no lixo, junto com a nossa esperança.


É preciso que cada um de nós busque em nossa lembrança os verdadeiros detratores da moralidade pública, da honestidade institucional. Estas eleições vão completar os trabalhos iniciados e não terminados pelas CPIs, excluindo, um por um os cafetões dos sonhos e da crença do povo.


É preciso que cada brasileiro tome nota de cada nome desses mensaleiros, desses mercenários, larápios verdadeiros, e os leve no bolso, dentro do coração, sempre informando ao seu próximo que são eles, cada um deles, que fazem deste país um país pior para se viver a cada dia.


É claro que eles não são os únicos responsáveis por tudo, mas fazem parte do todo e cabe única e exclusivamente ao eleitor extingui-los da vida pública, para todo o sempre. Falta agora ao eleitor dar o seu voto de indignação contra os traidores da crença popular. Aqueles que são eleitos para nos roubar, para nos privar de acreditar que a honestidade compensa, que a política é a representação dos nossos anseios.

É o voto, o nosso único meio de bradar Brasil afora que não aceitamos mais isso. Que não compactuamos mais com esta política praticada por mensaleiros, por sanguessugas, por bingueiros, por homens que deveriam estar na cadeia e, no entanto, por força do nosso voto, do nosso crédito, desfilam engravatados em nosso meio.


A não eleição deles é o primeiro passo para dizermos que queremos mudança, que não aprovamos isso que está aqui até hoje, que não agüentamos mais tanta bandalheira, tanta roubalheira, e que queremos votar para criar um país melhor. Um Brasil governado e fundado nos seus valores mais verdadeiros. Um Brasil renovado pelos seus erros.


A caminhada até às urnas nestas eleições é uma marcha cívica, uma retomada aos movimentos populares exterminados e aprisionados pelo chumbo pesado da nossa história. Agora é chegada a hora de darmos o nosso grito surdo de basta, registrado junto na urna o nosso voto do não!


Nós demos a eles, até bem pouco tempo, o que tínhamos de mais sagrado. E eles corromperam a nossa fé por meio milhão de pecados...


Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor

www. petroniosouzagoncalves.blogspot.com

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