Carlos Brito: um testemunho que fazia falta sobre o PCP e Álvaro Cunhal

Carlos Brito acaba de publicar este seu livro de memórias, que tem como núcleo central a análise do percurso, do papel e da figura de Álvaro Cunhal, desde que o conheceu num encontro clandestino em Paris em 1966, num café da Place de Clichy, pouco depois da saída do autor de prolongada prisão em Peniche. (…)

É Carlos Brito um dos mais qualificados e importantes dirigentes históricos do PCP, tendo feito parte da sua direcção central desde 1967 (na Comissão Política até 1996, altura em que por sua iniciativa saiu deste órgão), e permanecendo ainda no Comité Central até ao XVI Congresso (Dezembro de 2000).

Foi então sacrificado com numerosos outros quadros na crise profunda que atravessou o PCP no período que antecedeu esse Congresso e se prolongou depois num processo de marginalização dos que se opunham à linha de orientação vencedora, pela posição corajosa que assumiu de defesa do renovamento político, teórico e organizativo do partido.

Nas páginas do seu livro encontramos um retrato lúcido, equilibrado e sereno de Álvaro Cunhal, na sua dimensão humana e política, com as suas virtudes e qualidades, defeitos e erros. Recusa o autor o tom hagiográfico, mitificador e acrítico de outros escritos publicados sobre aquele dirigente comunista, sem por isso o diminuir na sua reconhecida estatura política e intelectual e no papel determinante que desempenhou, quer na condução do PCP na resistência antifascista, quer no processo político ulterior ao 25 Abril e na configuração actual do PCP.

A sua longa relação partidária e pessoal com Álvaro Cunhal e a sua pertença ao “núcleo duro” da direcção do PCP, dão mais consistência e relevância ao seu testemunho, às análises e aos factos relatados no livro, que contêm elementos de novidade, contribuindo para iluminar e esclarecer melhor o pensamento e a acção do PCP e de Álvaro Cunhal, da sua influência no processo político e do papel desempenhado por este dirigente. (…)

O texto completo das minhas notas pessoais sobre este livro está publicado no blogue http://oqueficadoquepassa.wordpress.com/

Henrique Sousa

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