Inconfidência

Os inconfidentes

Andam descrentes

Com o país dos homens de sonhos decadentes,

Indecentes,

A bem da verdade,

Lamentavelmente inocentes,

Inconseqüentes...

Até hoje,

Não quebraram as correntes

E entregam,

Diariamente,

Nossos vários ouros às várias portugais desiguais.

Os inconfidentes

Andam descontentes

Com o país de poucos descendentes,

Que abandonaram os sonhos libertários

Para ser,

Cada um,

O guardião intransigente

Do que conseguiu,

Como alforriado de um sistema excludente,

Amealhar,

Do ouro,

O desdouro

De um país pobre e amordaçado,

O seu menor bocado.

Os inconfidentes,

Coitados,

Foram exilados,

Extintos e exterminados,

Só porque acreditavam e sonhavam

Um país independente,

Livre ideológico e politicamente,

Um país sério e decente.

Os inconfidentes,

Coitados,

Eram inconformados,

E morreram,

Porque queriam,

Verdadeiramente,

Construir um país

Com homens e governos diferentes...

Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor

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