De Londres a Teerã, mundo reage ao decreto de Trump contra imigrantes muçulmano
© AP Photo/ Richard Drew
As críticas ao decreto do presidente dos EUA Donald Trump contra a entrada de imigrantes muçulmanos no país se multiplicaram neste domingo (29). Vários países, incluindo aliados tradicionais dos EUA, descrevem a medida como segregacionistas e discriminatórias.
De Londres a Teerã, diversos governos criticaram o decreto de Trump, que suspendeu por quatro meses a entrada de refugiados nos Estados Unidos e proibiu temporariamente a chegada de viajantes da Síria e de outros seis países de maioria muçulmana. Segundo Washington, a medida é para proteger os cidadãos norte-americanos de ataques terroristas.
Na Alemanha, que recebeu um grande número de refugiados da guerra na Síria, a chanceler Angela Merkel disse que a luta global contra o terrorismo não era desculpa para as restrições e "não justifica colocar pessoas sob uma suspeita generalizada somente por suas origens ou suas fés", disse seu porta-voz.
Merkel expressou tal preocupação a Trump durante uma conversa telefônica no sábado (28) e lembrou-lhe que a Convenção de Genebra exige que a comunidade internacional ofereça abrigo a refugiados de guerra por motivos humanitários, acrescentou o porta-voz da chanceler.
A posição de Merkel coincide com a opinião dos governos de Paris e Londres.
"O terrorismo não conhece nacionalidades. A discriminação não é uma resposta", disse o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault.
O chanceler britânico, Boris Johnson, comentou a situação no Twitter: "É divisionista e errado estigmatizar alguém por seu nacionalidade ".
Além da Síria, o decreto de Trump afeta viajantes com passaportes do Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen.
O presidente norte-americano disse que sua decisão não é "uma proibição contra os muçulmanos", mas acrescentou que iria procurar dar prioridade aos cristãos que estão tentando fugir do país sitiado pela guerra.
O chefe da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, expressou "profunda preocupação" com o decreto, e disse em comunicado neste domingo que os novos regulamentos "são restrições injustificadas à entrada de cidadãos de várias nações árabes nos Estados Unidos" e advertiu para as "consequências da suspensão da aceitação dos refugiados sírios".
O governo do Iraque, que é um aliado dos EUA na luta contra o Daesh (autodenominado Estado Islâmico) e tem implantados em seu território mais de 5.000 agentes norte-americanos, não fez comentários sobre o decreto. No entanto, alguns membros do parlamento iraquiano disseram que o país deveria tomar medidas recíprocas contra os cidadãos norte-americanos, conforme anunciado pelo Irã.
Em Teerã, o governo disse que iria tomar medidas em retaliação, mas neste domingo o ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, disse no Twitter que os norte-americanos que já tinham vistos da República Islâmica poderão entrar no Irã sem problemas.
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