No período em que vai ocupar a Presidência da União Europeia, Portugal pretende concretizar a II Cimeira Europa-África. Se conseguir tal objectivo, contributo poderoso para vencer muitas das dificuldades no diálogo Norte-Sul, Portugal deverá tirar partido do seu posicionamento diplomático para propiciar a busca de soluções para os vários conflitos de soberania que, há muito, se instalaram na área do Mediterrâneo ocidental e continuam sem fim à vista.
Deixando para outro momento o fundamentalismo islâmico e a sua dinâmica desestabilizadora, é de lembrar agora as disputas entre Espanha e Marrocos, por causa de Ceuta e Melilla, entre o Reino Unido e Espanha, à volta de Gibraltar, a luta da Frente Polisário contra Marrocos pela independência do Sara Ocidental, e, finalmente, a questão de Olivença, entre Portugal e Espanha.
Efectivamente, além de ser o Mediterrâneo ocidental a área estratégica a que também pertence, Portugal é parte num litígio de soberania com gravidade e relevo similares aos demais referidos, e que com eles se correlaciona, a sempre presente questão da ocupação ilegítima de Olivença pelo país vizinho.
Ocorrendo a possibilidade - e a exigência! - de na referida Cimeira Europa-África serem tomadas medidas que melhorem o clima político-diplomático em toda a região ibero-magrebina, a diplomacia portuguesa tem aqui uma oportunidade de ouro para, sabendo aproveitar a ocasião e o pretexto, fazer valer os direitos de Portugal a propósito de Olivença. Haverá essa audácia?
António Marques
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