Boris Berezovsky será interrogado em Londres sobre corrupção no futebol brasileiro
O Tribunal Regional Federal da 3ª Região Brasileira autorizou ao empresário russo Boris Abramovich Berezovsky o direito de ser interrogado em Londres, na Inglaterra, onde vive foragido da justiça russa, sobre a acusação de crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no Brasil, no caso MSI/Corinthians, considerado o maior escândalo de corrupção na história do futebol brasileiro.
Segundo a advogada e Heloísa Estellita, que defende Boris Berezovsky, está é a primeira vez que TRF-3 atendeu a esse tipo de pedido. Boris Berezovsky é apontado como sócio da MSI no Sport Club Corinthians Paulista de 2004 a 2007, no negócio que provocou o maior escândalo de corrupção do futebol brasileiro.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal, Boris Berezovsky seria o dono dos US$ 32 milhões investidos pela MSI no Sport Club Corinthians Paulista de 2004 a 2007, dinheiro de origem criminosa, segundo o MPF.
O russo vive foragido na Inglaterra, onde conseguiu asilo político, para escapar de cumprir pena condenatória na Rússia, onde nasceu e viveu grande parte de sua vida. No Brasil, ele é acusado pelos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no escândalo MSI/Corinthians.
Se o país quer punir também estrangeiros por crimes transnacionais, esse direito de ser interrogado no país de origem deve ser concedido, defende a advogada de Boris, Heloísa Estellita.
A advogada lembra que o único caso similar foi em relação ao acidente do avião da Gol, que caiu depois de chocar-se com o jato Legacy. O juiz Murilo Mendes permitiu que os norte-americanos, que pilotavam o jato, pudessem responder pelo processo nos Estados Unidos.
Para a desembargadora Cecília Mello, que autorizou Boris a ser ouvido por um juiz inglês, em Londres, na Inglaterra, onde vive, o fato de o paciente ser estrangeiro e não possuir domicílio no Brasil não lhe retira o direito às garantias constitucionais que são conferidas a qualquer pessoa.
Na sentença, a desembargadora afirma: o interrogatório, direito sagrado do réu, deve ser garantido a todos os acusados, sejam brasileiros ou não, residentes no território nacional ou no estrangeiro, mormente no caso concreto em que existe fundado temor do paciente de vir ao Brasil, pois ele corre o risco de ser extraditado para outro país.
Em dezembro de 2009, o juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, tinha negado o pedido de Boris Berezovsky ser ouvido/interrogado em Londres, onde reside. De Sanctis queria ouvir pessoalmente o empresário russo.
Apesar de ser amigo pessoal do ex-deputado e ex-ministro chefe da Casa Civil da Presidência da República, José Dirceu, e ter livre trânsito entre os líderes do PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Boris Berezovsky resisti em vir depor no Brasil por temer ser preso logo que pisar o solo brasileiro, devido a um pedido de prisão que existe contra feito pela Rússia.
Na Rússia, Boris Berezovsky foi processado por apropriação de dinheiro público, além de outros crimes. Com pedido de prisão na Russia, Boris ele vive na Inglaterra, onde recebeu asilo político.
Ex-professor de matemática, Boris Berezovsky montou um império petroleiro e de comunicação, aproveitando-se da onda de privatizações que se seguiu na Rússia devido à queda do regime comunista na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Considerado o homem de confiança do ex-presidente russo, Boris Yeltsin, Boris Berezovsky se afundou em desgraça política com a ascensão de Vladimir Putin ao poder na Rússia.
A decisão do TRF em permitir o depoimento de Boris Berezovsky à distância surpreendeu. A mesma desembargadora Cecília Mello, ao julgar, em 2007, um Habeas Corpus pedindo a revogação da prisão preventiva dos envolvidos, sentenciou: todos os denunciados estrangeiros demonstram já de antemão não possuírem qualquer intenção de colaborarem para a aplicação da lei penal. Em liberdade, certamente tudo farão para inviabilizar a persecução criminal, além de continuarem na prática de tais atividades, circunstância esta que desde logo coloca em grave risco a ordem pública e a credibilidade da Justiça.
ANTONIO CARLOS LACERDA
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