SOBERANIA BRASILEIRA E INDÍGENAS
Menosprezando a inteligência dos presentes, Bolsonaro afirma que os incêndios na Amazônia são invenção da mídia, pretexto para se declarar em defesa da soberania brasileira, para logo mais adiante elogiar o presidente Trump, ao qual ninguém ignora sua sujeição.
Ao enumerar os 14% de terra indígena protegida, Bolsonaro se esquece de mencionar serem alvo de ataques constantes e argumenta em favor da assimilação dos indígenas, como se com isTo passassem a ter maiores direitos e proteção, quando ocorre justamente o contrário.
Esquece de contar, como diz fora da ONU, que não deixará um centímetro quadrado para os índios, e aproveita para criticar o líder indígena Raoni, indicado como candidato ao Prêmio Nobel da Paz.
Deixa veladamente uma ameaça aos índios das reservas Ianomâmi e Raposa Serra do Sol, que vivem em terras ricas em ouro, diamante, urânio, nióbio e outros minérios.
Para justificar, seu desejo de utilizar as terras indígenas para a agricultura intensiva, além das exploração de seus minérios, Bolsonaro afirma que apenas 8% das terras brasileiras são utilizadas, enquanto a França e Alemanha utilizam 50% de suas terras.
Não faltou um elogio ao ministro Sérgio Moro, embora dentro do Brasil circulem notícias de sua próxima queda.
Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. É criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro Sujo da Corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A Rebelião Romântica da Jovem Guarda, em 1966. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.
(por Rui Martins, de Genebra)
também no Observatório da Imprensa e no Direto da Redação do Correio do Brasil.
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