Em Moçambique, como no resto da África, dizem que o trabalhador tem de trabalhar muito para receber, mas quando trabalha o que acontece? Não o pagam. O Banco Mundial, nos seus escritórios de luxo, diz que os rendimentos dos pequenos agricultores têm de aumentar. Como, no meio do pior ciclo de inundações e secas?
África não é compreendida pelos que vivem lá fora. Se os trabalhadores europeus gostam de receber o seu ordenado, nós também pois não somos menos do que eles. Trabalhamos tão bem ou melhor do que eles e exigimos, tendo este direito, que nos paguem o que prometeram pagar.
Assim os trabalhadores do Grupo Five/CMC, uma joint-venture responsável pela construção do Centro de Processamento de Gás Natural em Temane, quando não receberam o seu bonus do final do contracto, reivindicaram o que era deles por direito.
A multinacional proprietária do projecto, a petroquímica SASOL, chamou de imediato a Polícia de Intervenção Rápida e o resultado foi um trabalhador morto e 21 feridos. Os trabalhadores ainda estão por receber o bonus.
Quanto à agricultura, o Banco Mundial diz que há que aumentar a produção agrícola nas explorações familiares para reduzir a pobreza e lamentam as cifras do governo que constatam que a produção tenha diminuído nos últimos anos.
A Ministra do Plano e Finanças de Moçambique, Luisa Diogo, afirma que para reduzir a pobreza, é preciso “continuar a trabalhar arduamente”. É verdade. Mas contra ciclos de dilúvio e seca, o que o homem pode fazer? Deixar o campo e ir à cidade, à procura de pão para alimentar a sua família.
Talvez o Banco Mundial não entende isso...os seus dirigentes nunca passaram fome, de certeza.
Francisco MBOKO PRAVDA.Ru BEIRA MOÇAMBIQUE
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