Opinião: A experiência é da velhacaria?

A palavra senado deriva de senectus - do latim, que quer dizer aquele que é vivido, experiente. Dela ainda deriva senhor e sênior. O Senado brasileiro deveria ser isso, a casa da sabedoria, da experiência, da vida acumulada, e não esse playground de aberração e escândalos.

Desmoralizado, a casa da maturidade, da reflexão, se revela o balcão da impunidade, da velhacaria, de conchavos baratos entre os que deveriam estar no topo da moralidade e da falta de ambição pessoal e de carreira. Um exemplo de orgulho e distinção, ungido pelo voto de confiança de seu povo.

A falta de decoro, o lobismo, a falsificação de documentos, o adultério, a mentira, a gorjetinha barata distribuída para biscates amorosos, e o mais grave, o péssimo exemplo, vão consumindo o Senado brasileiro em vergonha e asco, transformando-o em uma Casa da Mãe Joana, em que todos podem tudo, sem levar em consideração a representatividade da Casa e a nobreza que ela tem que trazer incrustada em seu dia-a-dia.

Parte da história do Senado brasileiro deixou de ser registrada nas páginas dos livros e da história de um povo, para ser impressa, com todas as cores e todos as curvas, em uma revista mensal de pornografia. Este é o nível em que o nosso Congresso chegou, descendo dos salões nobres e seus requintes, para as festas de Jeanne Mary Cornner e seus catálogos de degustações.

Quem são esses garotões, playboys, conquistadores de meia pataca para fazerem jus ao cargo e à casa que ocupam e que deveriam ter para com ela o mínimo respeito? Eles, ao que tudo indica, não são capazes de entender que estão ali para dignificar e elevar a instituição que os acolheu. São uns irresponsáveis, mentirosos, rufiões de sonhos, que usam para o beneficio próprio o que era para ser usado em benefício de todo um povo.

Além do desvio moral que impera em todo solo pátrio, há também o desvio de conceito, e é isso que nos revolta. Esta falta de austeridade, de conduta, de exemplo, acaba por arruinar uma nação, um povo, um sentimento de cidadania e país.

Como pode se comportar um povo que tem em seus representantes homens desse quilate? Isso é justificativa para criar uma sociedade doente, promiscua, em que o filho diz ao pai: se um senador da República pode fazer isso, por que eu não posso? O exemplo é explícito e entra diariamente em nossas casas, no seio da família brasileira.

E assim segue o Brasil, corroído pelos que deveriam representá-lo, remunerando bem àqueles que o destroem, o envergonham, o contaminam, e tudo feito em plena luz do dia.

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