Houve pelo menos uma vitória para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu pequeno calvário hoje na reunião dos líderes do G-8 (os sete países mais industrializado e a Rússia) e dos outros cinco países em desenvolvimento convidados. Lula saiu de São Petersburgo sem carregar o mérito de ter impedido o fracasso da Rodada Doha, nem conseguiu enxertar os combustíveis alternativos no Plano de Ação de Segurança Energética montado pelo G-8. Mas deixou a antiga capital imperial russa comum sonoro elogio a sua silhueta mais fina. "Você está muito bem!", afirmou Bush, ao observar a cintura do brasileiro. "É por causa das eleições", rebateu Lula, provocando risos nas duas delegações.
A última vez que Lula encontrara-se com Bush foi no início de novembro do ano passado, quando recebeu o presidente americano na Granja do Torto, em Brasília. Desde então, os contatos tinham sido por telefone. Naquela ocasião, estava ainda nos primeiros meses de uma dieta rigorosa e de uma rotina de caminhadas. Nos primeiros meses deste ano, os resultados eram visíveis. Lula mandou apertar seus ternos. Mas, mesmo pressionado pela imprensa, jamais mencionou a receita de perda de peso, com o cuidado de não influenciar os brasileiros mais roliços.
Lula não alcançou claramente seu objetivo de extrair dos chefes de Estado do G-8 o compromisso de tomar as decisões políticas necessárias para a conclusão da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC). Apesar de seu enfático discurso em favor de "firme impulso político e instruções renovadas" dos líderes a seus negociadores, o máximo obtido dos seus "colegas" foi a orientação, em um documento adicional, para que seja trabalhado "construtivamente" como forma de concluir os pré-acordos sobre agricultura e indústria.
Além disso, acumulou frustração também na forma como foi tratada a sua outra prioridade na reunião: a proposta de investir na criação de um mercado mundial para o etanol, o biodiesel e o H-Bio. O relator do encontro, Sergey Prikhodko, deixou claro em seu parecer que houve respaldo na implementação do Plano de Ação definido no dia anterior e indicou que o grupo prefere a energia nuclear como alternativa. Nenhum destaque especial foi dado aos combustíveis renováveis tão caros ao governo brasileiro.
Em seu encontro reservado com o presidente Bush, Lula havia destacado a importância desses combustíveis, todos produzidos no Brasil, nos debates sobre a segurança energética - um dos tópicos centrais das discussões em São Petersburgo.
Chegara a fazer um convite a Bush para formalizar uma parceria entre Brasil e Estados Unidos em torno dessa questão e a lhe entregar uma pasta com informações sobre os projetos brasileiros. A reação máxima de Bush foi deixar-se fotografar segurando o material, cuja capa trazia um detalhe da bandeira brasileira.
Segundo "Estadão.com.br"
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