Não cessam as informações, neste final de janeiro de 2009, sobre os efeitos da crise econômica.
A economia norte-americana afunda cada vez mais, mas é hábito antigo deles jamais mostrarem o seu lado fraco, ou que estão perdendo. Estão arrasados e vai ser difícil sair dessa. O presidente Obama já declarou publicamente que "precisamos unir todas as nossas forças", um sinal claro de situação desastrosa.
A bomba vem do Japão. Empresas altamente lucrativas estão arrebentadas, com prejuízos que superam 90% ou mais, quando comparadas com as atividades de 2007. Consequência imediata: desemprego, que já está previsto de maneira catastrófica.
O homem para e pensa: por que tudo isto? Os teóricos têm suas teses, mas teses não resolvem nada quando o dinheiro está sendo pulverizado e dentro de pouco tempo famílias e mais famílias vão perder a sua fonte de renda.
Não sou economista, nem sociólogo, o que não me impede de falar o que penso. O mundo caminhou o século passado num consumismo muito grande, especialmente a partir da metade da época. Eletrodomésticos, roupas, mobiliário e especialmente automóveis foram objetos de consumo em profusão. Naturalmente as fábricas estavam gerando lucros em cima de lucros.
Mas existe um ponto de saturação. As cidades viraram favelas urbanas, com todo luxo e conforto. Mas com suas ruas lotadas de automóveis que praticamente só andam em primeira e segunda marcha. O céu fica cinza, o ar irrespirável. Quando se olha, somente uma pessoa dentro, o motorista. Este insensato está contribuindo para poluir a atmosfera, gastar combustível inutilmente e mais uma interminável série de males. Não sabe usar o automóvel, levando consigo companheiros de trabalho. Um rodízio desta prática, já experimentada, apresentou excelentes resultados. Quatro pessoas num automóvel implicam na conclusão imediata de que três ficaram na garagem, e levando a hipótese adiante, estes três vão ser multiplicados por inúmeros carros.
No campo político, fracasso total. Riqueza mal dividida, regimes anacrônicos, não adaptados ao mundo atual.
O socialismo impõe-se, mas de uma nova forma. Democrático ao excesso, partidos diversos congregando as várias formas do pensar político humano, casas legislativas escandalosamente abertas, terminar com o estranho cargo de Presidente da República, um ditador com mandato certo, e a instituição definitiva do Primeiro-Ministro, que seria o parlamentar maior votado do partido que mais elegesse seus candidatos. Mandato de cinco anos, renovado ou não pelo legislativo. Num erro, a moção de desconfiança seria levantada. Responsabilizado pela falha, poderia perder o mandato sem comprometer a instituição, e imediatamente substituído por votação parlamentar.
Direitos dos cidadãos respeitados ao máximo. Os fundamentais, saúde e educação, atendendo à necessidade de todos e gratuita. Desburocratização em plena forma, em todos os sentidos. No Brasil, por exemplo, ainda temos o regime cartorial das Capitanias Hereditárias.
Enfim, o assunto é tão extenso que não pode ser objeto de uma simples crônica.
É difícil isto? Não, é bastante simples. Basta haver vontade. Disciplina rígida sem constrangimentos de forma alguma. Plebiscitos, sempre que uma lei fosse votada contra o povo, com o número de assinaturas, em locais determinados pelo Judiciário, e previstos numa Constituição bem menos complicada do que a de 1988, uma colcha de retalhos. Reforma daquele poder, permitindo apenas três recursos judiciais no máximo, com tempo determinado para as sentenças finais, pena de responsabilidade dos causadores, uma missão legislativa em conjunto com a Ordem dos Advogados e Associação dos Magistrados.
O resto do mundo que seguisse as normas básicas, adotando suas tradições.
Vai acabar com a crise? Certamente que sim. Onde impera a lei, a ordem e a justiça e a vontade de progresso, não existe nada capaz de destruir pilares tão fortes.
Jorge Cortás Sader Filho
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