ANTONIO Maceo Grajales (1845-1896), chefe de elevado prestígio e major-general do Exército Liberador, foi um combatente feroz pela independência de Cuba e considerado por muitos um mestre no uso da tática militar.
«A Pátria soberana e livre é meu único desejo, não tenho outra aspiração». Foto: Arquivo
ANTONIO Maceo Grajales (1845-1896), chefe de elevado prestígio e major-general do Exército Liberador, foi um combatente feroz pela independência de Cuba e considerado por muitos um mestre no uso da tática militar
Autor: Danae González del Toro | [email protected]
«Quem tente se apoderar de Cuba colherá opó de seu solo alagado em sangue, se não morrer na luta»
ANTONIO Maceo Grajales (1845-1896), chefe de elevado prestígio e major-general do Exército Liberador, foi um combatente feroz pela independência de Cuba e considerado por muitos um mestre no uso da tática militar. Acredita-se que este envolvido em mais de 800 combates e devido a isto recebeu 26 feridas de guerra, a maioria na luta emancipadora de 1868.
Mas, o que faz com que um homem se envolva em uma guerra tão feroz e que lhe provocou tantos desencantos e que nunca pôde ver terminada?
Todos os homens de grandeza inigualável estão unidos por um sentimento comum e é ver sua pátria livre, sem nenhum jugo que a oprima ou que explore seus iguais. E, definitivamente, Antonio Maceo era um desses homens.
José Martí disse dele: «É preciso pôr atenção no que ele diz, porque Maceo tem na mente tanta força como no braço».
Cuba agora é independente e soberana, devido a patriotas corajosos que nunca aceitaram a rendição ou o abandono da luta. E uma dessas pessoas foi o Titã de Bronze. A mãe, Mariana Grajales, educou-o com disciplina implacável e o pai Marcos Maceo lhe ensinou o manejo das armas. Entre os dois e apoiados pela situação que vivia aquela época, forjaram a personalidade inquebrantável de Antonio, tal como a dos seus 12 irmãos.
Mas, é pouco o que se possa dizer de um dos principais chefes militares das guerras pela independência na Ilha. As histórias são diversas e quaisquer delas pode refletir melhor sua personalidade do que qualquer palavra de elogio que hoje possamos dizer.
O major-general Antonio Maceo, representante da postura mais radical e revolucionária dos cubanos que lutavam pela independência, depois de conhecer o pacto assinado por seus iguais (Pacto de Zanjón) encheu-se de indignação e protagonizou um fato que ficou estampado na história de Cuba.
Esse repudiado convênio de paz foi um manuscrito que recolheu as bases para pôr fim à Guerra dos Dez Anos (1868-1878), assinado por uma parte dos líderes políticos e militares cubanos de então, sem que se garantisse o cumprimento de nenhum dos dois principais objetivos da luta: alcançar a independência da nação cubana e eliminar a escravatura.
Em um lugar conhecido como Mangos de Baraguá, Maceo se entrevistou com Arsenio Martínez Campos, capitão-general do Exército Espanhol e se negou rotundamente a assinar aquele pacto, que ele considerava não resolvia os problemas que enfrentava o país e nem sequer lhe dava a liberdade. Esse fato foi conhecido pela história como o Protesto de Baraguá.
Fidel Castro expressou de Maceo: «no momento em que aquela luta de dez anos ia terminar, surgiu aquela figura, surgiu o espírito e a consciência revolucionária radicalizada, simbolizada naquele instante na pessoa de Antonio Maceo».
Ainda, junto ao generalíssimo Máximo Gómez (1836-1905), outra grande figura protagonista das guerras pela independência, desenvolveu a invasão do Oriente até o Ocidente da Ilha, com a qual pretendiam pôr o país todo em pé de guerra. Este fato foi caracterizado como uma incrível proeza militar.
O destacado intelectual e comunista cubano Armando Hart disse acerca de Antonio Maceo que não foi somente um grande talento militar, mas também foi homem de honra, de insaciável curiosidade pela cultura, de ampla visão humanista e de estreitos vínculos com o povo explorado, do qual era seu mais genuíno representante no Exército Mambí. Também, continua Hart, um guerreiro de maneiras cultivadas no fazer e no dizer; ao qual até seus inimigos foram obrigados a reconhecer como um cavalheiro.
Outra história que demonstra a astúcia deste chefe militar foi uma acontecida em 1896, em Vuelta Abajo, na atual província ocidental de Pinar del Río.
O combate iniciou-se nas proximidades da usina de açúcar San Jacinto e continuou nas ladeiras do Rubí. Três colunas do inimigo chegaram como reforço e uma quarta encontrou-se com a avançada da tropa de Maceo, no caminho de Lechuza. Apesar de que pode enfrentá-los, a escassez de munições o colocou em uma situação difícil.
Ao perceber que seu inimigo avançava sem encontrar muita hostilidade, escolheu seis de seus ajudantes e saiu do acampamento. Em um ponto do percurso, os sete insurretos se encontraram com a coluna inimiga a uma distância de 30 ou 40 metros.
Então Maceo e os seis combatentes ficaram inesperadamente em frente dos espanhóis, pararam seus cavalos e dispararam. Depois de alguns minutos, decidiram recuar rapidamente por um estreito caminho entre a mata, mas ao avançar, perceberam que a passagem estava interrompida por uma cerca de arame farpado.
Apenas o cavalo do major-general seria capaz de pular. Seus colegas rogaram ao chefe que escapasse, enquanto eles paravam o fogo inimigo. Contudo, o audaz guerreiro usou uma estratégia que desconcertou inteiramente aos espanhóis.
Um homem da coragem e a astúcia de Antonio Maceo, evidentemente, sempre achava alguma saída perante as situações aparentemente difíceis. Ao ver-se fechado, voltou pelo caminho dirigindo-se diretamente ao inimigo, que estava a ponto de penetrar naquele trilho.
Os ginetes espanhóis não podiam suspeitar o porquê do súbito retrocesso dos mambises, e, ao escutar a voz de ao machete! acreditaram que por trás daqueles homens vinha um esquadrão. O inimigo hesitou no que devia fazer e esse golpe psicológico salvou a vida do Titã de Bronze e de seus ajudantes.
Contudo, os espanhóis não foram o único adversário que devia ser combatido. Maceo previu a «ajuda» que os Estados Unidos podiam oferecer ao exército colonial espanhol.
Sobre isto, Antonio escreveu ao coronel mambí Federico Pérez Carbó, em 14 de junho de 1896:
«Da Espanha jamais esperei nada, sempre nos desprezou e seria indigno que se pensasse em outra coisa. A liberdade se conquista com o fio do facão, não se pede; implorar direitos é próprio de covardes incapazes de exercitá-los. Também não espero nada dos norte-americanos; devemos fiar tudo aos nossos esforços; melhor é subir ou cair sem ajuda do que contrair dívidas de gratidão com um vizinho tão poderoso (…)».
Sua vida foi uma epopeia que todo cubano deve conhecer. Uma vida de sentimentos diversos entre os que se podem mencionar o independentismo e seu temperamento temerário; mas, sobretudo, de sua força e decisão de ver um mundo livre em que todos fossem iguais.
http://www.patrialatina.com.br/cuba-as-epopeias-de-um-tita/
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter