Estimativas da ONU revelam que poucas mulheres morrem devido a doenças relacionadas com a gravidez, mas 1000 continuam a morrer por dia e muito ainda deve ser feito para se atingir as metas.
Luanda, 16 de Setembro de 2010 - O número de mortes de mulheres durante a gravidez e o parto diminuiu 34% de uma estimativa de 546 000 em 1990 para 358 000 em 2008, de acordo com um novo relatório, "Tendências na mortalidade materna", lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização das Nações Unidas para a População (FNUAP) e o Banco Mundial.
O referido relatório revela que em Angola, entre 1999 a 2008, a mortalidade materna baixou de 1000 mortes em cada 100,000 nascimentos vivos para 610 e a mortalidade de crianças menores de cinco anos reduziu de 250 mortes em cada 1000 crianças para 161.
Os progressos são notáveis, mas o nível anual de redução é menos do que a metade necessária para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) ligado a redução dos níveis de mortalidade materna em cerca de 75% entre 1990 a 2015. Isto vai requerer uma redução anual de 5.5%. Os 34% de redução desde 1990 traduz-se numa média anual de redução de 2.3%. "A redução global da mortalidade materna é uma notícia encorajadora," disse a Dra Margaret Chan, Directora-Geral da OMS.
"Países onde as mulheres enfrentam alto risco de mortalidade durante a gravidez ou o parto estão a providenciar as medidas efectivas; nestes países estão a capacitar mais parteiras, e a fortalecer os hospitais e centros de saúde para assistirem as mulheres grávidas. Nenhuma mulher devia morrer devido ao acesso inadequado de planeamento familiar, gravidez e acesso aos cuidados especializados durante o parto."
Mulheres grávidas continuam a morrer devido a quatro causas fundamentais: sangramento severo depois do parto, infecção, desordem hipertensiva, e abortos inseguros. Todos os dias em 2008, cerca de 1000 mulheres morreram devido a estas complicações. Das 1000, 570 viviam na África subsariana, 300 no Sul da Ásia e cinco nos países mais desenvolvidos. O risco de uma mulher morrer por doença relacionada com a gravidez durante o seu tempo de vida num pais em desenvolvimento é cerca de 36 vezes mais alto, comparando com uma mulher a viver num país desenvolvido.
"Para atingir a nossa meta global de desenvolver a saúde materna e salvar a vida das mulheres, precisamos agir mais para abranger aquelas que estão mais em risco, " disse Anthony Lake, Director Executivo do UNICEF. "Isto significa atingir as mulheres nas áreas rurais e famílias pobres, mulheres de etnias minoritárias e de grupos indígenas, e mulheres vivendo com HIV e nas zonas em conflitos."
As estimativas demonstram que é possível prevenir mais mortes de mulheres.
Os países necessitam investir nos seus sistemas de saúde e na qualidade dos cuidados de saúde. "Qualquer parto devia ser seguro e qualquer gravidez desejada, disse Thoraya Ahmed Obaid, Directora Executiva do FNUAP. A falta de cuidados de saúde materna viola o direito à vida da mulher, à saúde, igualdade e a não à descriminação. O ODM 5 pode ser alcançado," acrescentou, " mas nós urgentemente precisamos direccionar as acções para a falta de profissionais de saúde e aumentar os fundos para os serviços de saúde reprodutiva."
As agências da ONU, doadores e outros parceiros têm aumentado a coordenação da sua assistência aos países. OMS, UNICEF, FNUAP e o Banco Mundial estão a focalizar nos países com grandes barreiras e ajudar os Governos a desenvolver e alinhar os seus planos do sistema nacional de saúde, de modo a acelerar os progressos na saúde materna e de natalidade.
Mortalidade materna é causada pela pobreza e também, é a causa disto. O custo da natalidade pode rapidamente acabar com as receitas de uma família, provocando com isso mais dificuldades financeiras, disse Tamar Manuelyan Atinc, Vice-presidente para o Desenvolvimento da Mulher do Banco Mundial.
Dado o fraco sistema de saúde em muitos países, nós temos de trabalhar estreitamente com os Governos, doadores e agências, e outros parceiros para fortalecer estes sistemas, de modo que as mulheres ganhem significativamente acesso a planos qualitativos de famílias e serviços reprodutivos de saúde, parteiras qualificadas nos seus partos, cuidados urgente de obstetrícia, e cuidados pós-parto para a mãe e o recém-nascido.
O relatório que cobre o período de 1990 a 2008 também destaca o seguinte:
Dez dos 87 países com o nível de mortalidade materna igual a 100 em 1990, equivalem a uma redução de 5.5% entre 1990 a 2008. E por outro lado, 30 realizaram insuficientes progressos desde 1990.
O estudo demonstra progressos na África Subsariana, onde a mortalidade materna diminuiu em 26%.
Na Ásia, o número da mortalidade materna é estimado ter reduzido de 315 000 para 139 000 entre 1990 a 2008, e 52% diminuiu.
99% de todas as mortes materna em 2008 ocorreram nas regiões em desenvolvimento, com a África subsariana e Ásia do Sul somando 57% e 30% de todas as mortes, respectivamente.
"Nós precisamos fazer mais para fortalecer o sistema nacional de recolha de dados," disse Dr Chan.
"É vital apoiar o desenvolvimento de um sistema de registo civil actual que inclua o registo de nascimento, mortes e causas das mortes. Todas as mortes maternas precisam ser enumeradas," acrescentou.
A estimativa de mortalidade materna da ONU é desenvolvida em estreita colaboração com um grupo de especialistas e usa todos os dados disponíveis de mortalidade materna dos países, assim como métodos desenvolvidos de estimativas. A consulta intensiva dos países levado a cabo como parte de desenvolvimento destas estimativas, tem sido instrumental para identificar os esforços de aumento de dados coleccionados nos últimos anos, incluindo o sistema especial para captar dados materno.
Existem contudo muitas lacunas na disponibilidade de dados para muitos países onde os níveis de mortalidade materna são altos, e apenas através dos modelos de estatísticas é possível obter uma percepção das tendências.
UNICEF Angola
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